O pré-candidato tucano à Presidência José Serra concedia ontem uma entrevista a vários repórteres. O vídeo segue abaixo. Creio que a primeira pergunta — sobre a possibilidade de ele vir a ter um cargo no governo Dilma caso ela vença!!! — é feita pelo humorista Danilo Gentili, do programa CQC, da Band. Há pouco a comentar a respeito. Tenho minhas dúvidas — nem é uma crítica; se fosse, faria sem problema — se essa fórmula de tentar desconstruir políticos com perguntas que apelam ao absurdo e a certo nonsense não está um pouco datada. Funcionava muito bem nos tempos de Ernesto Varela, encarnado por Marcelo Tas, na década de 80. Hoje, não sei. Mas deixo de lado agora o programa de humor voluntário. Até porque Gentili e seus colegas de CQC têm fortes concorrentes no chamado “jornalismo sério”. O que há de graça involuntária e de terrorismo voluntário por aí é uma coisa fabulosa! Mas vamos ao vídeo. O que me interessa neste texto é o que se passa a partir dos 23 segundos. Vejam:
Transcrevo. Trava-se o seguinte diálogo entre Serra e um repórter da “Rádio Nacional”, que pertence à Empresa Brasileira de Comunicação, chefiada por Tereza Cruvinel, que, por sua vez, obedece às ordens de Franklin Martins. Sendo assim, é um repórter cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte.
REPÓRTER - O senhor pretende acabar com o Bolsa Família…
SERRA - Por que a pergunta?
REPÓRTER - … ou dar…
SERRA - Por quê?
REPÓRTER - … um novo formato a ele caso o senhor seja eleito?
SERRA - Por que a pergunta?
REPÓRTER - Bom, eu tenho as minhas fontes que…
SERRA - [sorrindo ironicamente] …disseram que nós vamos acabar.
REPÓRTER -… me motivam a fazer essa pergunta… O senhor pode responder por gentileza?
SERRA - Disseram para você que eu ia acabar?
REPÓRTER - O senhor pretende acabar com o Bolsa Família…
SERRA - Eu gostaria de saber a fonte.
UMA OUTRA REPÓRTER AO FUNDO - Acabar com o quê?
SERRA [dirigindo-se à repórter] - Com o Bolsa Família! Ele afirmou, é bom que todo mundo saiba, que eu iria acabar com o Bolsa Família…
REPÓRTER - Não, estou perguntando.
SERRA - Isso é uma mentira total! Inclusive, o Bolsa Família absorveu até programas que eu mesmo criei, como foi o caso da Bolsa Alimentação, do Ministério da Saúde; foi um programa muito importante. [O Bolsa Família] absorveu o Bolsa Escola. Eu, pelo contrário, vou fortalecer o Bolsa Família.
Voltei
Que tal? Lamento! O nome disso é terrorismo eleitoral, não indagação jornalística. E, a ser verdade que o dito repórter é de uma emissora pública, então é terrorismo eleitoral feito com dinheiro público, uma variante da mobilização da máquina oficial contra o candidato da oposição. O rapaz diz que tem “fontes” que o “motivam” a fazer tal indagação. É? Fontes ou chefes?
O suposto risco do fim do Bolsa Família é uma das ações terroristas contra o candidato de oposição. Mais de uma vez, ele tem afirmado que vai fortalecê-lo. Não acreditam no que diz? Então seria preciso que houvesse indícios nesse sentido. Não há. São Paulo também tem um programa de renda mínima. E, com efeito, o Bolsa Família é a soma de várias “bolsas” criadas no governo anterior. Isso é história, é fato, aconteceu — pouco importa se “historiador” é petista, tucano, verde ou vermelho.
Isso não é pergunta jornalística, não, mas CAMPANHA ELEITORAL — pior: é terrorismo eleitoral. E o jornalismo que se quer sério, ao afirmar que Serra “se irrita com jornalistas” (o tom da resposta foi até cordial, dada a provocação), está, na prática, incentivando o mau procedimento. Isso é pauta petista disfarçada de pergunta. A ser assim, então não há diferença entre jornalismo e a mais vulgar provocação. O “rapaz” tem fonte que o “motiva”? Então está com um furo fabuloso nas mãos. Em 2006, Geraldo Alckmin tinha de responder se era verdade que iria privatizar a Petrobras se fosse eleito. Tenham paciência!
Imaginem se um repórter, em entrevistas como essas, resolvesse indagar a Dilma Rousseff:
— É verdade que a senhora ficou com uma parte do dinheiro que foi roubado do cofre de Adhemar de Barros?
Sempre notando que Dilma esteve efetivamente ligada ao assalto ao cofre, já que era quadro dirigente da organização terrorista VAR-Palmares, que praticou a ação. E Serra não tem nada em sua biografia, muito ao contrário, que indica que possa acabar com o Bolsa Família.
Pode-se ainda perguntar a Dilma:
— É verdade que a senhora participou do assalto ao banco Andrade Arnaud, no Rio, feito por sua organização, episódio em que morreu o comerciante Manoel da Silva Dutra?
Sim, eu sei que ela já disse não ter participado de nada disso, embora pertencesse ao comando da organização. Mas, vocês sabem, uma pergunta é só uma pergunta. Imaginem um repórter da, sei lá, TV Cultura a fazer uma indagação dessas à candidata do PT. O mundo desabaria. E os colunistas engajados na mais pura isenção certamente ficariam indignados. Aliás, Dilma diz que não mudou de lado, não é? Então vai outra:
— A senhora ainda é comunista ou renega o passado?
Não é a primeira vez que um “repórter” ligado a veículo público faz uma pergunta “motivada” por uma estranha fonte.
E noto: Serra pode ter sido irônico no trato com o repórter, mas não parece, vejam ali, exatamente “irritado”. E respondeu a pergunta, tendo de lembrar o óbvio e de repetir o que já disse algumas dezenas de vezes. Basta, não é? Já há ilegalidade oficial o que chega na campanha!
Fonte: Veja.com
Transcrevo. Trava-se o seguinte diálogo entre Serra e um repórter da “Rádio Nacional”, que pertence à Empresa Brasileira de Comunicação, chefiada por Tereza Cruvinel, que, por sua vez, obedece às ordens de Franklin Martins. Sendo assim, é um repórter cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte.
REPÓRTER - O senhor pretende acabar com o Bolsa Família…
SERRA - Por que a pergunta?
REPÓRTER - … ou dar…
SERRA - Por quê?
REPÓRTER - … um novo formato a ele caso o senhor seja eleito?
SERRA - Por que a pergunta?
REPÓRTER - Bom, eu tenho as minhas fontes que…
SERRA - [sorrindo ironicamente] …disseram que nós vamos acabar.
REPÓRTER -… me motivam a fazer essa pergunta… O senhor pode responder por gentileza?
SERRA - Disseram para você que eu ia acabar?
REPÓRTER - O senhor pretende acabar com o Bolsa Família…
SERRA - Eu gostaria de saber a fonte.
UMA OUTRA REPÓRTER AO FUNDO - Acabar com o quê?
SERRA [dirigindo-se à repórter] - Com o Bolsa Família! Ele afirmou, é bom que todo mundo saiba, que eu iria acabar com o Bolsa Família…
REPÓRTER - Não, estou perguntando.
SERRA - Isso é uma mentira total! Inclusive, o Bolsa Família absorveu até programas que eu mesmo criei, como foi o caso da Bolsa Alimentação, do Ministério da Saúde; foi um programa muito importante. [O Bolsa Família] absorveu o Bolsa Escola. Eu, pelo contrário, vou fortalecer o Bolsa Família.
Voltei
Que tal? Lamento! O nome disso é terrorismo eleitoral, não indagação jornalística. E, a ser verdade que o dito repórter é de uma emissora pública, então é terrorismo eleitoral feito com dinheiro público, uma variante da mobilização da máquina oficial contra o candidato da oposição. O rapaz diz que tem “fontes” que o “motivam” a fazer tal indagação. É? Fontes ou chefes?
O suposto risco do fim do Bolsa Família é uma das ações terroristas contra o candidato de oposição. Mais de uma vez, ele tem afirmado que vai fortalecê-lo. Não acreditam no que diz? Então seria preciso que houvesse indícios nesse sentido. Não há. São Paulo também tem um programa de renda mínima. E, com efeito, o Bolsa Família é a soma de várias “bolsas” criadas no governo anterior. Isso é história, é fato, aconteceu — pouco importa se “historiador” é petista, tucano, verde ou vermelho.
Isso não é pergunta jornalística, não, mas CAMPANHA ELEITORAL — pior: é terrorismo eleitoral. E o jornalismo que se quer sério, ao afirmar que Serra “se irrita com jornalistas” (o tom da resposta foi até cordial, dada a provocação), está, na prática, incentivando o mau procedimento. Isso é pauta petista disfarçada de pergunta. A ser assim, então não há diferença entre jornalismo e a mais vulgar provocação. O “rapaz” tem fonte que o “motiva”? Então está com um furo fabuloso nas mãos. Em 2006, Geraldo Alckmin tinha de responder se era verdade que iria privatizar a Petrobras se fosse eleito. Tenham paciência!
Imaginem se um repórter, em entrevistas como essas, resolvesse indagar a Dilma Rousseff:
— É verdade que a senhora ficou com uma parte do dinheiro que foi roubado do cofre de Adhemar de Barros?
Sempre notando que Dilma esteve efetivamente ligada ao assalto ao cofre, já que era quadro dirigente da organização terrorista VAR-Palmares, que praticou a ação. E Serra não tem nada em sua biografia, muito ao contrário, que indica que possa acabar com o Bolsa Família.
Pode-se ainda perguntar a Dilma:
— É verdade que a senhora participou do assalto ao banco Andrade Arnaud, no Rio, feito por sua organização, episódio em que morreu o comerciante Manoel da Silva Dutra?
Sim, eu sei que ela já disse não ter participado de nada disso, embora pertencesse ao comando da organização. Mas, vocês sabem, uma pergunta é só uma pergunta. Imaginem um repórter da, sei lá, TV Cultura a fazer uma indagação dessas à candidata do PT. O mundo desabaria. E os colunistas engajados na mais pura isenção certamente ficariam indignados. Aliás, Dilma diz que não mudou de lado, não é? Então vai outra:
— A senhora ainda é comunista ou renega o passado?
Não é a primeira vez que um “repórter” ligado a veículo público faz uma pergunta “motivada” por uma estranha fonte.
E noto: Serra pode ter sido irônico no trato com o repórter, mas não parece, vejam ali, exatamente “irritado”. E respondeu a pergunta, tendo de lembrar o óbvio e de repetir o que já disse algumas dezenas de vezes. Basta, não é? Já há ilegalidade oficial o que chega na campanha!
Fonte: Veja.com
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