sexta-feira, março 25, 2016

Proibição de doações empresariais deve incentivar caixa 2 nas eleições de 2016

A cerca de seis meses das eleições municipais, o vazamento de uma lista de possíveis repasses da Odebrecht a pelo menos 316 políticos de 24 partidos acendeu de vez o alerta em torno de um fantasma que certamente vai rondar o pleito de outubro: o caixa 2.

Essa será a primeira disputa em que empresas não poderão fazer doações a candidatos e partidos. Para especialistas, a nova determinação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tornará o caixa 2 regra, e não exceção.


Em setembro do ano passado, o STF considerou inconstitucionais as doações empresariais ao julgar uma ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para quem o poder econômico desequilibrava a disputa eleitoral.

Aparentemente benéfica à primeira vista, a medida tende a ter um efeito catastrófico no pleito deste ano no que diz respeito ao dinheiro gasto nas campanhas. A avaliação é de professores e advogados especializados em Direito Eleitoral.

Pela nova regra, que também não prevê o financiamento público das campanhas, pessoas físicas poderão doar um valor correspondente a até 10% da sua renda bruta anual. Nos últimos três pleitos, porém, apenas 3% do montante arrecadado veio dessa modalidade.

Além disso, a outra fonte possível de recursos, o Fundo Partidário, não costuma chegar aos municípios, sendo consumido quase que na totalidade pelos diretórios nacionais e estaduais dos partidos.

Nesse cenário de escassez de verbas, o caixa 2 deverá ser estimulado. “Não há mistério. Não se faz política sem dinheiro em lugar nenhum do mundo. Sem sombra de dúvida, será uma campanha com muito caixa 2”, afirma Luiz Fernando Pereira.

Já Frederico Rafael Martins de Almeida se preocupa com a deficiência na fiscalização para coibir o dinheiro ilícito nas campanhas. Ele cita que 90% das zonas eleitorais contam com apenas quatro pessoas para atender a todas as demandas de cada pleito: dois servidores do cartório eleitoral, um juiz e um promotor.

“É simplesmente desumano. Não há como dar conta da burocracia formal das candidaturas e, também, de todas as ações judiciais que envolvam a disputa.”

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