José Vilson Martins:Ex-traficante detalha viagem e como foi preso pela Polícia Rodoviária Federal em Laranjeiras do Sul
Com autorização do delegado adjunto da 2ª Subdivisão Policial de Laranjeiras do Sul, Helder Andrade Lauria, o Jornal Correio traz com exclusividade o relato de um ex-traficante de drogas que está prestes a sair da cadeia.
José Vilson Martins revelou a parte mais sombria de seu passado em uma conversa informal na manhã da segunda-feira (22). Já aliviado por quitar suas pendências com a Justiça, ele garante que a experiência mal sucedida jamais será repetida.
Martins foi preso na manhã do dia 16 de outubro de 2009 pela Polícia Rodoviária Federal. “Acho que foi um minuto de distração. Eu não precisava ter feito o que fiz, mas o dinheiro fácil e os poucos riscos se tornaram muito atrativos”, relatou.
A VIDA ANTES DA CADEIA
Quando foi preso, José Vilson Martins tinha 33 anos. De palavra fácil e termos precisos, ele contou de um passado totalmente incompatível com a criminalidade e com a destruição causada pelas drogas.
José era uma pessoal envolvida com trabalho voluntário em Joinville - SC. Foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescentes, diretor dos conselho dos Centros de Educação Infantil, fundou o grupo de escoteiros, presidiu o Conselho Municipal de Saúde, foi coordenador do hospital São José, um dos maiores do estado catarinense e concorreu a uma cadeira no Legislativo em 2004 onde fez 1772 votos. “Me considerava exemplo para meus filhos, tinha um vida pública. Joguei todo o trabalho e respeito no lixo. Foi uma ida sem volta”, lamentou.
A TENTAÇÃO
Uma viagem de descanso com a esposa para Foz do Iguaçu mudou definitivamente a vida de Vilson. Na manhã do dia 14 de outubro daquele ano, ele parou o carro em um posto de combustível no bairro Três Lagoas. Foi ao banheiro e disse ter sido abordado por um homem que até hoje não sabe o nome. Vendo a placa do carro, ofereceu à Vilson o serviço. Segundo ele, quando chegasse a Joinville outra pessoa o procuraria para receber a encomenda. “Na hora não aceitei. Mas quando estava retornando, resolvi ligar para ele e aceitar. Não sabia o que era, sabia apenas que era ilícito”, contou.
O FIM DA LINHA
Na noite do dia 15, Vilson procurou o mandante do serviço. Pouco depois ele deixou seu carro em um determinado lugar da cidade e pegou o Celta branco, recheado com drogas: cinco quilos de crack e seis de cocaína.
Às 5 horas da manhã ele partiu. Ainda em Foz foi abordado duas vezes pela guarda municipal. Depois disso a viagem foi tranquila pelas quase quatro horas que antecederam sua prisão. Em Nova Laranjeiras ele passou a ser seguido pela Polícia Rodoviária Federal. A placa do carro em que estava era de Cianorte e despertou a desconfiança dos inspetores. No trevo de acesso ao município de Marquinho, houve a abordagem.
CRACK, COCAÍNA E CADEIA
“Não fiquei nervoso tampouco preocupado. Sabia que o que fosse que estivesse carregando estava bem escondido”. No entanto, o tino da dupla de policiais encerrou antes do destino a viagem de Vilson. Depois de fazer algumas perguntas, eles passaram para as revistas. Segundo ele, abriram o porta malas, as bagagens e o interior do veículo. Nada foi encontrado. Com a chave e os documento na mão para prosseguir, um dos policiais pediu para fazer uma nova vistoria. Vilson sabia que o carro havia feito outras viagens, mas não imaginava que os traficantes haviam deixado três tabletes de maconha na lateral do porta malas, os quais foram encontrados pela PRF. “Só ouvi ele dizendo: algema o rapaz”, relatou.
Logo depois o restante foi encontrado dentro do tanque de combustíveis. Ele acredita ter sido usado como isca pelos traficantes. Enquanto a polícia concentrava a atenção nele, uma quantia maior deve ter passado pela BR 277.
’NENHUM DINHEIRO COMPRA A LIBERDADE’
Depois de quase dois anos na cadeia, Martins espera ansioso pela vida longe das grades. Ele disse estar ciente das dificuldades que irá encontrar para o recomeço. Será mais um a cair nas garras do preconceito que limita o espaço de um ex-presidiário. “Sonho em poder ajudar as pessoas, principalmente os jovens a não cair no mesmo erro que eu. A cadeia me ajudou a refletir. Nenhum dinheiro do mundo compra a liberdade”, finalizou.
Fonte: Jornal Correio do Povo do Paraná 24-08-2011
José Vilson Martins revelou a parte mais sombria de seu passado em uma conversa informal na manhã da segunda-feira (22). Já aliviado por quitar suas pendências com a Justiça, ele garante que a experiência mal sucedida jamais será repetida.
Martins foi preso na manhã do dia 16 de outubro de 2009 pela Polícia Rodoviária Federal. “Acho que foi um minuto de distração. Eu não precisava ter feito o que fiz, mas o dinheiro fácil e os poucos riscos se tornaram muito atrativos”, relatou.
A VIDA ANTES DA CADEIA
Quando foi preso, José Vilson Martins tinha 33 anos. De palavra fácil e termos precisos, ele contou de um passado totalmente incompatível com a criminalidade e com a destruição causada pelas drogas.
José era uma pessoal envolvida com trabalho voluntário em Joinville - SC. Foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescentes, diretor dos conselho dos Centros de Educação Infantil, fundou o grupo de escoteiros, presidiu o Conselho Municipal de Saúde, foi coordenador do hospital São José, um dos maiores do estado catarinense e concorreu a uma cadeira no Legislativo em 2004 onde fez 1772 votos. “Me considerava exemplo para meus filhos, tinha um vida pública. Joguei todo o trabalho e respeito no lixo. Foi uma ida sem volta”, lamentou.
A TENTAÇÃO
Uma viagem de descanso com a esposa para Foz do Iguaçu mudou definitivamente a vida de Vilson. Na manhã do dia 14 de outubro daquele ano, ele parou o carro em um posto de combustível no bairro Três Lagoas. Foi ao banheiro e disse ter sido abordado por um homem que até hoje não sabe o nome. Vendo a placa do carro, ofereceu à Vilson o serviço. Segundo ele, quando chegasse a Joinville outra pessoa o procuraria para receber a encomenda. “Na hora não aceitei. Mas quando estava retornando, resolvi ligar para ele e aceitar. Não sabia o que era, sabia apenas que era ilícito”, contou.
O FIM DA LINHA
Na noite do dia 15, Vilson procurou o mandante do serviço. Pouco depois ele deixou seu carro em um determinado lugar da cidade e pegou o Celta branco, recheado com drogas: cinco quilos de crack e seis de cocaína.
Às 5 horas da manhã ele partiu. Ainda em Foz foi abordado duas vezes pela guarda municipal. Depois disso a viagem foi tranquila pelas quase quatro horas que antecederam sua prisão. Em Nova Laranjeiras ele passou a ser seguido pela Polícia Rodoviária Federal. A placa do carro em que estava era de Cianorte e despertou a desconfiança dos inspetores. No trevo de acesso ao município de Marquinho, houve a abordagem.
CRACK, COCAÍNA E CADEIA
“Não fiquei nervoso tampouco preocupado. Sabia que o que fosse que estivesse carregando estava bem escondido”. No entanto, o tino da dupla de policiais encerrou antes do destino a viagem de Vilson. Depois de fazer algumas perguntas, eles passaram para as revistas. Segundo ele, abriram o porta malas, as bagagens e o interior do veículo. Nada foi encontrado. Com a chave e os documento na mão para prosseguir, um dos policiais pediu para fazer uma nova vistoria. Vilson sabia que o carro havia feito outras viagens, mas não imaginava que os traficantes haviam deixado três tabletes de maconha na lateral do porta malas, os quais foram encontrados pela PRF. “Só ouvi ele dizendo: algema o rapaz”, relatou.
Logo depois o restante foi encontrado dentro do tanque de combustíveis. Ele acredita ter sido usado como isca pelos traficantes. Enquanto a polícia concentrava a atenção nele, uma quantia maior deve ter passado pela BR 277.
’NENHUM DINHEIRO COMPRA A LIBERDADE’
Depois de quase dois anos na cadeia, Martins espera ansioso pela vida longe das grades. Ele disse estar ciente das dificuldades que irá encontrar para o recomeço. Será mais um a cair nas garras do preconceito que limita o espaço de um ex-presidiário. “Sonho em poder ajudar as pessoas, principalmente os jovens a não cair no mesmo erro que eu. A cadeia me ajudou a refletir. Nenhum dinheiro do mundo compra a liberdade”, finalizou.
Fonte: Jornal Correio do Povo do Paraná 24-08-2011
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