Em Candói, as universitárias Gabriele e Andressa cursam Pedagogia à distância. O professor fica a 15 quilômetros de onde moram. Educação graças ao acesso gratuito à rede
Das praças de Candói, Santa Cecília do Pavão e Pitangueiras, no interior do Paraná, é possível fazer uma visita ao Museu do Louvre, em Paris, ou bater um papo em tempo real com alguém na Holanda. Distante do conceito de isolamento, as cidades tornaram-se pequenos pontos na teia da conexão global a partir da disponibilidade de internet gratuita para a população.
A primeira cidade do interior a garantir o passaporte para os moradores se conectarem foi Santa Cecília do Pavão, no Norte do estado. O projeto começou em 2005 com apoio de empresas privadas e órgãos públicos, incluindo o Ministério das Comunicações. Hoje, 90% do município de 4 mil habitantes é coberto pela rede, diz o chefe de Informática da prefeitura, Luiz Guilherme Borsatto. O desejo de melhorar os índices educacionais do município e a dificuldade de acesso dos moradores – antes de 2005 a conexão só era discada – fizeram a prefeitura participar de um projeto piloto do ministério na área de banda larga.
Outro município em que a rede digital gratuita faz parte da rotina dos moradores é Candói, no Centro-Sul do estado. Depois de um investimento de R$ 380 mil, a conexão foi liberada no ano passado com a tecnologia WiMesh (veja no quadro), para metade dos 14,8 mil habitantes. O acesso à internet diminuiu em 5% a inadimplência dos impostos municipais. A rede só é liberada aos cidadãos com os tributos em dia. Quem tem interesse vai ao departamento municipal de finanças, onde é expedida uma certidão negativa dos débitos, e recebe uma senha. “Assim como o poder público tem sua obrigação, o cidadão também tem”, diz o coordenador de Tecnologia e Informática do município, Argemiro Antunes Camargo.
Rede na praça
A sinalização na estrada para chegar a Pitangueiras, no Noroeste do estado, é precária. Quase não há placas indicando o caminho. Mas, em toda a cidade, não faltam painéis que informam a disponibilidade da internet sem fio gratuita, que chega a 80% das residências. Até há pouco mais de 18 meses, quando o serviço foi instalado, apenas 30 famílias e empresas do município de 2.814 habitantes tinham acesso à internet.
O Programa Cidade Digital foi implantado pelo prefeito Cristovon Videira Ripol (PDT). A ideia surgiu no fim de 2008, quando várias crianças e adolescentes lhe questionaram por que não havia um projeto de inclusão digital no seu plano de governo. “No início, achei que seria impossível oferecer internet para todos, por causa do custo”, lembra. A prefeitura construiu cinco torres, a R$ 7 mil cada uma, e contratou uma empresa privada (W.I Telecom) para instalar os aparelhos necessários para emissão do sinal, que são alugados por R$ 4.990,00 mensais.
Alguns moradores, porém, reclamam da qualidade. O policial militar José Paulo Limeira, 41 anos, diz que o filho mais velho, Leonardo, 13 anos, perde a paciência com a lentidão da internet. “No período da noite e nos fins de semana, quando tem muita gente conectada, ele tem dificuldade para assistir vídeos”, relata. Segundo o gerente de contas da prestadora do serviço, Silmar Moreno, os usuários têm uma velocidade limite de 300 Kbps, que não é a ideal para algumas atividades. “Não é intenção da prefeitura que as pessoas façam downloads, mas que tenham acesso à rede”.
A era virtual também deu mais oportunidades para moradores como Andressa da Silva Nicolau e Gabriele Cristina Simões de Souza, ambas com 18 anos. Elas estão prestes a começar o segundo ano de Pedagogia, em um curso superior à distância, e vão apenas para a sede da instituição, em Astorga, a 15 quilômetros, para fazer as provas e trabalhos.
Para ter acesso à internet, as estudantes tiveram de comprar computadores e aparelhos receptores do sinal, assim como os outros moradores de Pitangueiras. “Se não fosse a rede, não teríamos condições de fazer a graduação, porque, além de mensalidade, teríamos de pagar transporte diário”, comenta Gabriele.
Estado
No Paraná, a cobertura digital da maior parte dos municípios é resultado de iniciativa das próprias prefeituras. Os governos estadual e federal ainda não têm uma participação efetiva no processo. Em cidades de maior porte, como Toledo e Foz do Iguaçu, Oeste do estado, escolas, parques e centros comunitários encarregam-se de conectar os moradores que não têm internet. Em Toledo há um projeto para instalar, a partir do próximo mês, dez telecentros com dez computadores cada. O acesso à rede também é gratuito aos alunos de escolas municipais, que usam os laboratórios de informática, a biblioteca pública e o Centro de Revitalização da Terceira Idade. Em Foz do Iguaçu, a prefeitura tem banda larga em 103 pontos, incluindo 52 escolas municipais. O sistema proporcionou uma economia de R$ 100 mil mensais somente na área de telefonia.
O Ministério das Comunicações não tem estimativas de quantas cidades digitais existem em todo o país, mas informou que vai apoiar as prefeituras por meio do Plano Nacional de Banda Larga, cuja primeira fase contemplará 100 municípios brasileiros, nenhum deles no Paraná.
Das praças de Candói, Santa Cecília do Pavão e Pitangueiras, no interior do Paraná, é possível fazer uma visita ao Museu do Louvre, em Paris, ou bater um papo em tempo real com alguém na Holanda. Distante do conceito de isolamento, as cidades tornaram-se pequenos pontos na teia da conexão global a partir da disponibilidade de internet gratuita para a população.
A primeira cidade do interior a garantir o passaporte para os moradores se conectarem foi Santa Cecília do Pavão, no Norte do estado. O projeto começou em 2005 com apoio de empresas privadas e órgãos públicos, incluindo o Ministério das Comunicações. Hoje, 90% do município de 4 mil habitantes é coberto pela rede, diz o chefe de Informática da prefeitura, Luiz Guilherme Borsatto. O desejo de melhorar os índices educacionais do município e a dificuldade de acesso dos moradores – antes de 2005 a conexão só era discada – fizeram a prefeitura participar de um projeto piloto do ministério na área de banda larga.
Outro município em que a rede digital gratuita faz parte da rotina dos moradores é Candói, no Centro-Sul do estado. Depois de um investimento de R$ 380 mil, a conexão foi liberada no ano passado com a tecnologia WiMesh (veja no quadro), para metade dos 14,8 mil habitantes. O acesso à internet diminuiu em 5% a inadimplência dos impostos municipais. A rede só é liberada aos cidadãos com os tributos em dia. Quem tem interesse vai ao departamento municipal de finanças, onde é expedida uma certidão negativa dos débitos, e recebe uma senha. “Assim como o poder público tem sua obrigação, o cidadão também tem”, diz o coordenador de Tecnologia e Informática do município, Argemiro Antunes Camargo.
Rede na praça
A sinalização na estrada para chegar a Pitangueiras, no Noroeste do estado, é precária. Quase não há placas indicando o caminho. Mas, em toda a cidade, não faltam painéis que informam a disponibilidade da internet sem fio gratuita, que chega a 80% das residências. Até há pouco mais de 18 meses, quando o serviço foi instalado, apenas 30 famílias e empresas do município de 2.814 habitantes tinham acesso à internet.
O Programa Cidade Digital foi implantado pelo prefeito Cristovon Videira Ripol (PDT). A ideia surgiu no fim de 2008, quando várias crianças e adolescentes lhe questionaram por que não havia um projeto de inclusão digital no seu plano de governo. “No início, achei que seria impossível oferecer internet para todos, por causa do custo”, lembra. A prefeitura construiu cinco torres, a R$ 7 mil cada uma, e contratou uma empresa privada (W.I Telecom) para instalar os aparelhos necessários para emissão do sinal, que são alugados por R$ 4.990,00 mensais.
Alguns moradores, porém, reclamam da qualidade. O policial militar José Paulo Limeira, 41 anos, diz que o filho mais velho, Leonardo, 13 anos, perde a paciência com a lentidão da internet. “No período da noite e nos fins de semana, quando tem muita gente conectada, ele tem dificuldade para assistir vídeos”, relata. Segundo o gerente de contas da prestadora do serviço, Silmar Moreno, os usuários têm uma velocidade limite de 300 Kbps, que não é a ideal para algumas atividades. “Não é intenção da prefeitura que as pessoas façam downloads, mas que tenham acesso à rede”.
A era virtual também deu mais oportunidades para moradores como Andressa da Silva Nicolau e Gabriele Cristina Simões de Souza, ambas com 18 anos. Elas estão prestes a começar o segundo ano de Pedagogia, em um curso superior à distância, e vão apenas para a sede da instituição, em Astorga, a 15 quilômetros, para fazer as provas e trabalhos.
Para ter acesso à internet, as estudantes tiveram de comprar computadores e aparelhos receptores do sinal, assim como os outros moradores de Pitangueiras. “Se não fosse a rede, não teríamos condições de fazer a graduação, porque, além de mensalidade, teríamos de pagar transporte diário”, comenta Gabriele.
Estado
No Paraná, a cobertura digital da maior parte dos municípios é resultado de iniciativa das próprias prefeituras. Os governos estadual e federal ainda não têm uma participação efetiva no processo. Em cidades de maior porte, como Toledo e Foz do Iguaçu, Oeste do estado, escolas, parques e centros comunitários encarregam-se de conectar os moradores que não têm internet. Em Toledo há um projeto para instalar, a partir do próximo mês, dez telecentros com dez computadores cada. O acesso à rede também é gratuito aos alunos de escolas municipais, que usam os laboratórios de informática, a biblioteca pública e o Centro de Revitalização da Terceira Idade. Em Foz do Iguaçu, a prefeitura tem banda larga em 103 pontos, incluindo 52 escolas municipais. O sistema proporcionou uma economia de R$ 100 mil mensais somente na área de telefonia.
O Ministério das Comunicações não tem estimativas de quantas cidades digitais existem em todo o país, mas informou que vai apoiar as prefeituras por meio do Plano Nacional de Banda Larga, cuja primeira fase contemplará 100 municípios brasileiros, nenhum deles no Paraná.
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