O superintendente da delegacia de Campina Grande do Sul, Maurício Brandão, 35 anos, morto em troca de tiros com um ex-preso na noite de terça-feira, deveria estar de férias. A afirmação é do presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), André Luiz Gutierrez.
“Existe há um bom tempo na Polícia Civil, devido à falta de efetivo, uma mania nociva de tirar as férias só no papel. Eles retiram a quantia constitucional e continuam trabalhando. Recebemos a informação de que este é o caso do Brandão”, afirma o presidente. O sindicato investigará a denúncia e, caso seja comprovada, oferecerá apoio jurídico para a família do superintendente.
A Divisão Policial Metropolitana (DPMetro), comandada pelo delegado Miguel Stadler, negou que Brandão estivesse em férias. “As férias dele foram suspensas e ele já havia marcado outro mês para o benefício”, afirma Stadler. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública, ninguém da Polícia Civil irá se pronunciar sobre o caso.
Sepultamento
O sindicato auxiliou no pagamento do sepultamento do policial, realizado às 16h de ontem, no Cemitério Parque São Pedro, Umbará. Gutierrez conhecia Brandão pessoalmente e garante que fará as cobranças necessárias para que a família não fique desamparada.
“Ele tinha dez anos de polícia. Era um policial honesto, centrado, sabedor dos seus deveres. Vinha desenvolvendo em Campina Grande do Sul um trabalho reconhecido pela sociedade, mas já realizou bons trabalhos também no Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce) e em outras delegacias da capital”.
Também amigo de Brandão, o delegado Rubens Recalcatti conta que o superintendente era uma pessoa sempre disposta a ajudar a todos. “Ele era muito apegado à família. No último Natal, se vestiu de Papai Noel para distribuir presentes no Fazendinha. A demonstração de carinho por ele foi tanta que entidades, pessoas e empresas enviaram mais de 15 coroas de flores”, afirma. Policiais prestaram homenagem a Brandão com uma salva de tiros.
Faltam pontos a esclarecer
Brandão perseguiu Andrei da Conceição Pilar, 21 anos, do Fórum de Campina Grande do Sul até uma loja, onde ocorreu a troca de tiros. Testemunhas que estavam no Fórum garantem que a perseguição começou, porque Andrei tentou tirar satisfações com a juíza que o teria condenado pela Lei Maria da Penha, e foi repreendido pelo superintendente.
Brandão perseguiu Andrei até uma loja de roupas, quando o rapaz tentou esconder-se no banheiro. Os dois entraram em luta corporal e o ex-preso tomou uma das armas de Brandão. O policial foi atingido na barriga, e conseguiu utilizar a outra arma que carregava para balear Andrei na perna.
Investigação
A Divisão Policial Metropolitana (DPMetro) determinou que a delegacia de Campina Grande do Sul investigue o crime. “O suspeito foi ouvido e a equipe irá verificar o que teria levado Brandão a sair em disparada atrás do rapaz”, disse o delegado Miguel Stadler.
O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) ajudou na remoção do ex-preso do Hospital Angelina Caron até a delegacia de Quatro Barras, onde foi autuado em flagrante por homicídio. De lá, o acusado foi levado ao Complexo Médico Penal.
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Cláudia Brandão
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