quinta-feira, abril 19, 2012

Roncador:Aluno é retirado da sala de aula após se negar a participar de oração

As orações que ocorriam sempre antes da primeira aula no Colégio Estadual General Carneiro, em Roncador, a 400 km de Curitiba, foram suspensas pela direção após um aluno se recusar a participar, ser retirado da sala e denunciar a atitude da professora à Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea).
O aluno, de 16 anos, do 1º ano do Ensino Médio contou ao G1 que é ateu e estuda na escola há seis anos, mas há dois não participa das orações. “Ela [professora de inglês] entrou na sala e mandou todo mundo levantar para participar da oração. Eu e mais um menino ficamos sentados e ela falou pra gente se retirar da sala. Saímos e quando terminou a oração, ela nos chamou”, relatou o estudante.
Segundo o garoto, ele se sentiu discriminado. “Me senti como se fosse pior que os outros alunos”.
O caso foi na quinta-feira (12). Ao chegar em casa, o adolescente comentou o ocorrido com o tio, de 30 anos, que também é ateu. “Fiquei muito bravo, não gostei. Eles não poderiam ter feito isso, foi muita falta de respeito”, disse.
De acordo com o rapaz, a intenção inicial era de procurar o Fórum da cidade para denunciar a escola. Mas ele entrou em contato com a Atea, através de uma rede social, e foi orientado a falar diretamente com o colégio.

Assim que foi contatada, a associação encaminhou um ofício à escola orientando sobre os direitos legais de ateus e agnósticos. O documento cita o artigo 5º da Constituição Federal que estabelece que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença”.
“Ademais, o art.3 da CF afirma que “constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil... IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Uma oração única e obrigatória constitui ação claramente discriminatória contra todos aqueles que não são contemplados por ela, também violando a Lei Maior”, diz o ofício.
Entre outros, o documento também cita o artigo 19 da Constituição que fala sobre a laicidade do Estado brasileiro e estabelece a separação entre Igreja e Estado. Desta forma, por ser uma escola estadual, onde foi o caso, não poderia haver referência à religião dentro do espaço público.
“Tem que criar cultura de liberdade de expressão e de proteção. Como acontece com negros, judeus, gays. (...) A associação ajuda nessa possibilidade de denúncia”, contou o presidente da Atea, Daniel Sottomaior.
A diretora do colégio em questão disse que o “problema já foi resolvido”. Na segunda-feira (16), após reunião, o conselho diretor determinou que não pode mais haver rezas em salas de aula.

Segundo ela, rezar o Pai Nosso antes das aulas era “costumeiro”. “A cidade tem dois padroeiros e a maior parte da comunidade é religiosa. Todos são habituados a ficar em pé e rezar. (...) A professora não fez isso pra constrangê-lo ou discriminar”, apontou.
Após a proibição, o garoto, que contou que passou a não acreditar em Deus quando conheceu mais profundamente as “teorias da ciência”, afirmou que se sentiu melhor. “Senti que minha opinião vale”.
O adolescente ainda comentou que ao voltar pra ela escola, algumas pessoas ficaram “olhando estranho" pra ele. Entretanto, acredita que a medida pode ajudar a acabar com preconceito contra quem é ateu.

8 comentários:

Anônimo disse...

Entendo que o garoto fez o certo, afinal, existe uma certa pressão para que as pessoas tenham uma determinada religião. Tudo começa com o batismo, com as rezas para os "anjinhos" e com as idas às Igrejas ( forçada pelos pais ), passando pelo colégio, aulas de catequese e pela convivência com os amigos, que receberam educação semelhante. Será que isso é ter livre arbítrio, ou será que somos simplesmente moldados pela cultura da sociedade que nos cerca? Se existe alguém, capaz de contestar tudo isso e aceitar que o científico é mais importante do que o "achismo", ou que a "fé" ( que é algo que não se comprova ), essa pessoa tem que ser respeitada! Parabéns ao garoto, fez o correto, não tomou uma atitude desequilibrada, pelo contrário, fez valer o seu direito, usando a inteligência e as leis que o protege!

Anônimo disse...

desculpe você anomimo do comentário acima, mas se existe lei para os ateus, também existe para os católicos, pois sou católica, achei seu comentário ignorante e principalmente uma ofensa a nossa religião, pena que voce não teve coragem de citar seu nome, pois se outras religiões tem direitos em relação a cobrar, nós católicos também. En relação ao teu achismo, de duvidar, rezo por você que DEUS tenha misericórdia de voce e não te abandone quando voce precisar.

Anônimo disse...

A fé, a religião, as igrejas e todos esses achismos nos são enfiados goela abaixo.
Parabéns ao garoto.

Anônimo disse...

Parabéns ao garoto!!!! E só para lembrar a Educação por lei é pública, gratuita e LAICA será que os religiosos sabem o que isso significa? Vivemos em um estado LAICO graças a Deus. Nào sou ateu mas defendo a laicidade de TODOS os espaços públicos.

Anônimo disse...

A nossa querida irmã católica, não achei nada de ofensivo os comentários e muito menos ignorante, como Cristãos não devemos devolver as ofenças, desculpe mas a sua colocação (En relação ao teu achismo, de duvidar, rezo por você que DEUS tenha misericórdia de voce e não te abandone quando voce precisar.)é pura falta de conhecimento da sua parte, pois Jesus falou que nenhuma ovelha se perderia, Deus não abandona nenhum de seus filho, não existe nem Ceu nem inferno, Deus é Pai bom, justo e misericondioso.

Anônimo disse...

Quanta coragem do jovem de defender sua autonomia! A crescente intolerância e fanatismo religioso no mundo todo, seja musulmano, judaico, católico, protestante ou carismático (aqueles fanáticos que querem transformar os católicos em crentes envangêlicos) torna cada vez mais difícil as pessoas educadas manifestarem sua dúvidas.

Anônimo disse...

A intolerância, assim como o fanatismo religioso deveriam ser banidos da sociedade. Quanto a ser católico, evangélico ou qualquer outra, não vem ao caso em questão, pois trata-se de liberdade de crença ou (descrença) e expressão. A pessoa ali em cima (católica) é uma dessas carolas de padre... não tem conhecimento algum do que fala... parabéns ao garoto. Também sou ateu e há muito venho dizendo que crucifixo, imagem de santos e santas, ou qualquer outra forma de expressão religiosa em prefeituras, foruns, camaras de vereadores fere o princípio da isonomia...

Anônimo disse...

Por isso que dizem politica, religiao, crenças e mulher nao se discute, todo mundo fala um monte e nunca se chega a lugar nenhum, parabens ao garato, mas tem que tomar cuida com esses parabens, pois nossos alunos estao sabendo mto de seus direitos e pouco de seus deveres.

Laranjeiras do Sul

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