Documentos apreendidos na Operação Custo Brasil mostram que o advogado do ex-ministro Paulo Bernardo pegava dinheiro das fraudes no empréstimo consignado e pagava despesas da família do ex-ministro. Imagina: você contrata um advogado e ele é que paga as suas despesas. A Polícia Federal desconfiou.
É uma inversão estranha. A investigação aponta que o escritório contratado pelo ex-ministro Paulo Bernardo pagava despesas jurídicas e pessoais dele e da mulher, a senadora Gleisi Hoffmann.
O documento a que a TV Globo teve acesso é um relatório da Polícia Federal sobre o material apreendido no escritório do advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, no ano passado. Serviu de base para a Operação Custo Brasil, que prendeu 11 pessoas na semana passada. Entre elas o próprio advogado e Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento no governo Lula e das Comunicações no governo Dilma.
Guilherme é suspeito de intermediar pagamento de propina a Paulo Bernardo, na fraude de empréstimos consignados para funcionários públicos federais.
A empresa Consist, que administrava o software usado nos empréstimos, é suspeita de ter repassado R$ 100 milhões para o Partido dos Trabalhadores e a políticos. Segundo o relatório, a Consist repassou mais de R$ 7 milhões para o escritório de Guilherme.
A contabilidade e os emails do escritório de Guilherme Gonçalves estão entre as principais evidências contra o ex-ministro e mostram um fato curioso: segundo os documentos, Paulo Bernardo e a mulher dele, a senadora Gleisi Hoffmann, eram clientes do escritório, mas era Guilherme quem pagava várias despesas jurídicas e pessoais do casal.
No mês de fevereiro de 2014, por exemplo, houve dois pagamentos da Consist para o escritório, no total de quase R$ 30 mil. Entre as despesas, aparecem vários pagamentos em nome de Paulo Bernardo, Gleisi e para o PT.
Em fevereiro de 2015, aparecem pagamentos de quase R$ 60 mil da Consist, despesas com custas processuais para a senadora Gleise Hoffmann e repasses para Hernany Mascarenhas.
Ele aparece em uma foto, anexada ao relatório, ao lado da senadora. Segundo o documento, Hernany era motorista do escritório e prestava serviço para Gleisi e o ex-ministro.
Em um email apreendido pela polícia, Guilherme autoriza um pagamento para o motorista, porque ele está sendo eficiente quando os ministros precisam e isso não tem valor que pague.
O Bom Dia Brasil entrou em contato com o advogado do ex-ministro Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, mas não teve retorno.
O Bom Dia Brasil não conseguiu contato também com a defesa do advogado Guilherme Gonçalves, nem com o motorista Hernany Mascarenhas.
A Consist disse que continuará a colaborar com a investigação e com a Justiça.
O PT afirmou que não tem nada a esconder e que está à disposição das autoridades.
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