terça-feira, maio 10, 2011

Presidente da Alep acusa procurador-geral de Justiça

Uma crise institucional entre a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e o Ministério Público Estadual (MP) foi iniciada ontem, após a divulgação de que promotores investigam quase mil servidores e ex-funcionários da Casa por suspeita de terem sido fantasmas entre 2003 e 2010. Os servidores são ou foram ligados a seis deputados estaduais – inclusive ao atual presidente do Legislativo, Valdir Rossoni (PSDB).

Na sessão de ontem da As­­­sembleia, Rossoni acusou o chefe do MP, o procurador-geral de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior Neto, de não investigar o próprio irmão, Severo Olympio Sotto Maior, apesar de ele ter sido diretor legislativo da Assembleia até o fim de janeiro deste ano – período abrangido pela investigação do MP. Rossoni assumiu em fevereiro deste ano e não manteve Severo no cargo. O tucano ainda acusou Severo de ter sido um dos responsáveis por ilegalidades na As­­­sembleia e de manter vários funcionários irregulares.

As acusações de Rossoni fo­­ram feitas no mesmo no dia em que a Gazeta do Povo publicou reportagem revelando a investigação do MP. Além de funcionários ligados a Rossoni, servidores ou ex-servidores de pelo menos outros cinco deputados estão no alvo do Ministério Público: Reni Pereira (PSB), atual segundo-secretário da Casa; Nereu Moura (PMDB), que foi primeiro-secretário de 2003 a 2006; Luiz Eduardo Cheida (PMDB); Nelson Justus (DEM); ex-presidente da Casa; e Alexandre Curi (PMDB), ex-primeiro-secretário. Todos eles afirmam que não praticaram nenhuma irregularidade na contratação de servidores.
Olympio, procurador-geral de Justiça: acusado por Valdir Rossoni

Ataque

Visivelmente irritado, Rossoni comentou o assunto ontem por três vezes: em conversa com os jornalistas, ao abrir a sessão e durante um discurso de Reni Pereira na tribuna. A primeira crítica do tucano recaiu sobre o fato de o MP ter “vazado” as informações sobre a investigação à Gazeta do Povo. Segundo ele, o Ministério Público deu publicidade a um procedimento que corre em segredo de Justiça, permitindo que parlamentares fossem “escrachados” sem haver nenhuma culpa comprovada contra eles – a investigação do MP, porém, não é sigilosa.

“É de se estranhar que o Ministério Público sirva-se a esse trabalho. Ao se noticiar que há uma investigação contra um deputado, parece que ele já foi condenado”, declarou Rossoni. “É preciso respeito com este Poder e cautela ao vazar documentos para a imprensa sem que haja culpabilidade comprovada.”

Outra reclamação do tucano se deu em relação ao fato de que a investigação teria sido motivada por denúncias anônimas, que ele atribuiu ao a ex-chefe do setor de segurança da Assembleia, Ede­­nilson Carlos Ferry – Tôca, como é conhecido, foi demitido no início do mandato de Rossoni como presidente. “O MP deveria investigar tudo, desde quando eu nasci, em 1952”, ironizou. “Me parece que notícia contra o presidente da Assembleia vende jornal. Há pessoas que sentem prazer em me desmoralizar.”

Rossoni deu a entender que uma dessas pessoas é o procurador-geral de Justiça. O motivo seria o fato de o tucano ter substituído o irmão de Olympio do cargo de diretor legislativo da Assembleia. “Será que o Olympio tem algum problema com o deputado Rossoni? Será que é porque eu demiti o irmão dele, que era um dos responsáveis pelo que acontecia na Casa? Por que o Olympio não abre uma investigação contra o irmão, que era diretor e tinha vários funcionários irregulares?”, questionou. “Não vamos andar de joelhos para alguém que é sensacionalista e gosta de vazar informações à imprensa.”

Procurada pela reportagem, a assessoria do MP informou que Olympio estava numa reunião durante todo o dia de ontem e que não foi possível contatá-lo para responder às acusações de Rossoni. Já Severo, que é servidor aposentado da Assembleia, não foi encontrado para comentar o assunto.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1124139&tit=Presidente-da-Alep-acusa-procurador-geral-de-Justica


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