O Papa Francisco, em sua homilia na celebração eucarística de abertura da Quaresma do ano passado , ressaltou que este período consiste numa “viagem de regresso à Deus”. De fato, é um momento especial e fundamental para aprimorarmos nosso percurso de conversão pessoal e eclesial.
Nesta 4ª feira, dia 2 de março, celebramos a quarta-feira de cinzas, data que dá início a Quaresma de 2022. São 40 dias pelos quais os cristãos fazem sua preparação à Páscoa, a principal festa do Cristianismo. Biblicamente o número 40 refere-se ao tempo da espera, da preparação, da penitência, do jejum e até do castigo.
Na Quarta-Feira de Cinzas, tem início os quarenta dias que antecedem a Semana Santa, quando a Igreja nos fala da necessidade do jejum e da penitência como meios de melhor combater os vícios, pela mortificação do corpo, e propiciar a elevação da mente a Deus.
As cinzas, que são feitas dos ramos de Domingo de Ramos do ano anterior, serão aspergidas em nossas testas ou em nossas cabeças, em forma de cruz, lembrando a penitência, o arrependimento de todos os nossos pecados e a urgente conversão, em sintonia com a Campanha da Fraternidade que tem como tema “Fraternidade e Educação”, e como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26).
De forma cogente, a liturgia da Quarta-Feira de Cinzas recorda-nos também nossa condição de mortais: “Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás de voltar”, diz uma das duas fórmulas usadas pela Igreja para a imposição das cinzas.
É um tempo de preparar os corações para a grande celebração da Páscoa do Senhor, Ressurreição de Cristo e esperança da nossa ressurreição. “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) é uma das palavras divina que acompanha o tempo quaresmal. Ela é uma exortação e uma provocação à liberdade dirigida a todas as pessoas. Nós, cristãos católicos, a fazemos ressoar em primeiro lugar para nós mesmos.
A mensagem para a Quaresma de 2022, do Papa Francisco, é uma reflexão a partir de Gl 6,9-10a: “Não esmoreçamos na prática do bem, pois no devido tempo colheremos o fruto, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos tempos, façamos o bem a todos”. A Quaresma nunca é uma experiência de “espiritualidade privada”, antes, isso nunca deve acontecer para nós cristãos.
Saibamos aproveitar bem cada dia deste tempo de preparação para a Páscoa, especialmente neste tempo de provação, aonde ainda não foi possível superar a crise sanitária, em dimensão global, com todas as consequências na vida das pessoas, em todos os aspectos. Precisamos encontrar em meio a tudo isso, um sentido renovado da solidariedade e da esperança, para que tenhamos a fé fortalecida e a disposição de fazer o que está no nosso alcance para redescobrirmos o valor da vida. Nesse sentido, precisamos pedir a Deus que nos ajude, com um ânimo novo, para que encontremos meios de afirmar a vida nas circunstâncias em que ela se encontra mais fragilizada no nosso dia-a-dia. Com isso afirmamos, no tempo da Quaresma, o nosso gesto concreto de solidariedade.
Com a caridade, a oração, o jejum e a mudança de vida iniciemos nosso itinerário de conversão. Vivendo a penitência e a oração, manifestemos ao Senhor nossa confiança em sua Misericórdia.
Ainda nesta data, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança, na Quarta-feira de Cinzas,, a Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema: “Fraternidade e Educação” e o lema bíblico, extraído de Provérbios 31, 26: “Fala com sabedoria, ensina com amor”. Na apresentação do texto-base da CF, descreve-se que se trata de uma campanha que, mais do que abordar outro aspecto específico da problemática educacional, vai refletir sobre os fundamentos do ato de educar na perspectiva católico-cristã.
Enfim, desejo que este tempo quaresmal, ajude-nos a desenvolver a maturidade de nossa fé, que cada dia seja vivido com a força do Espírito Santo, de modo, a acolher o “hoje de Deus, no hoje de nossa vida”.
Um bom itinerário quaresmal a todos. Oremos e busquemos a paz sem cessar.
GILMAR CARDOSO, advogado, poeta, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da Cadeira nº 1 da Academia Mourãoense de Letras
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