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Laranjeiras do Sul:Fabio Malek é condenado a 9 anos de prisão

Fábio Malek tem denuncia e é investigado por outro caso, que se confirmado, será crime hediondo. De acordo com depoimentos de testemunhas do caso de Suzana, ele próprio teria afirmado ao ameaçá-la, ser o autor da morte seguida de incêndio, tirando a vida de Rita Franciele Olick e de sua filha de 3 anos, em 2016, em Laranjeiras do Sul, quando os outros três filhos da vítima, que também dormiam na casa, conseguiram escapar.

O Juri popular que iniciou as 8 horas da manhã desta quarta-feira (22), e se estendeu até as 20 h e 30, min, ouviu a vítima, Suzana de Moraes, um adolescente que acompanhava o autor, durante a segunda tentativa do referido feminicídio, dois policiais em cuja viatura Suzana acabou colidindo enquanto Fábio Ivonei Malek a seguia na BR 158, e o réu, que foi condenado por 9 anos e um mês, em regime fechado.

Suzana foi a primeira a depor, relatando que conviveu com Fábio dos seus 14 aos seus 25 anos, tendo com ele um filho de 12 anos, e que por diversos motivos da conduta do companheiro, tanto em relaçao à violência doméstica, como por seu comportamento questionável em diversos aspectos, resolveu se separar dele. “Quando ele me envolveu num crime de porte ilegal de arma, tendo escondido a mesma na minha bolsa, quando viu a polícia, jogando a culpa pra mim, tive certeza que aquele era o momento de mudar de vida. Sempre fui humilhada e maltratada por ele, mas tinha medo de me separar por causa das ameaças”, diz Suzana em uma parte de sua fala.

Após Fábio sair da prisão por um flagrante de embriaguez ao volante, crime que tentou amputar a outra pessoa, tendo se apresentado com identidade falsa, Suzana que já havia tomado a decisão de se separar dele, o encontrou em sua casa, quando voltou, segundo ela, acompanhada de um amigo, numa noite em que o filho do casal estava com o pai. “Ele despregou duas tábuas da casa e ficou lá dentro, me esperando. Nesse momento, enquanto me manteve com uma faca no pescoço, dizia que se eu não voltasse para ele, me matava, assim como já tinha matado a outra “vagabunda”, se referindo ao caso da Rita, que eu sempre desconfiei, pois ele apareceu com os pelos dos braços queimados no dia do incidente”, relata a vítima, reforçando a hipótese de que Fábio, tenha responsabilidade sobre a morte de mãe e filha, caso que chocou a região e foi notícia em rede nacional. Ela ressaltou que sempre foi alertada de que ele teria um caso com a vítima, mas nunca acreditou, pois ela era sua melhor amiga.

O Crime
Após escapar da tentativa de Fábio que saiu da casa pela mesma fresta que entrara, quando percebeu a chagada da polícia, que o amigo de Suzana chamou, tendo também sido ameaçado por ele, sob orientação dos policiais, ela pegou o filho na casa da mãe de Fábio, na mesma madrugada, e foi até o Alagado, onde mora sua mãe. Ela comentou com a vizinha antes de sair, que iria pedir ajuda para a mãe, e Fábio que se escondia da policia atrás do muro, ouviu. Pela manhã do dia 09 de abril de 2017, levado consigo o Adolescente T., na garupa de uma moto (veículo que não possui habilitação conduzir), foi até as proximidades do sítio da mãe de Suzana e a esperou próximo a uma ponte, saltando na frente do carro quando ela passou, se dirigindo de volta à Laranjeiras do Sul, para registrar a ocorrência. “Ele saltou na frente do carro com a arma em punho. Eu embalei e consegui fugir. Chegando na BR 158, acelerei e quando cheguei no Rio Bonito, fui direto para o destacamento da polícia. Mas estava fechado. então caí na BR novamente, rumo a Laranjeiras e no Campo do Bugre, avistei ele e o adolescente na moto, um pouco na minha frente”, detalha Suzana, destacando que o ponto crucial da perseguição foi nesse momento.

Ao vê-los, ela acelerou. Fábio que tinha sido avisado pelo adolescente que Suzana estava atrás, pilotava a moto com uma mão e atirava com a outra. Ao ultrapassá-los, ela conta que sentiu uma das balas passar queimando e achou que tivesse sido atingida. Mas o projetil acertou o som do carro. Suzana acelerou ainda mais, ultrapassou um carro e não sabe dizer se por ter se perdido ou se por instinto de sobrevivência, ao avistar uma viatura da Polícia Militar vindo pela pista contrária, colidiu com a mesma.

Os policiais contam que ela desceu do carro desesperada, gritando que seu ex-marido estava tentando matá-la e pedindo socorro. Mas mesmo um dos policiais tentando de longe, dar voz de prisão aos ocupantes da moto que vinha atrás e que eram apontados por Suzana, eles fizeram o retorno e fugiram. O adolescente T. que confessou estar na garupa da moto (já tendo respondido em regime fechado), confirmou todos os detalhes relatados por Suzana. Disse que acompanhou Fábio por medo das ameaças dele, também a ele e sua família, motivo pelo qual o réu também respondeu por corrupção de menores, uma vez que no episódio da embriaguez ao volante, também estava acompanhado de T., de seu filho e de outo adolescente.

Acusação do Ministério Público, explanada ao juri


Os promotores Rafael Muzy Bittencout e Maria Izabela Silva e Santos, foram enfáticos na defesa da vítima e convencimento do juri na acusação do réu, o que culminou com a condenação de Fábio, pelo crime e suas qualificações. Tentativa de feminicídio por meio de emboscada, lesão corporal, ameaça e corrupção de menores.

Citando Clarice Lispector: “O pior de mentir é que cria falsa verdade. (Não, não é tão óbvio como parece, não é truísmo…. ).Mas a mentira pior é a mentira “criadora”.”, o promotor Rafael, ressaltou que ganhar ou perder um juri, não seria contabilizado para o Ministério Público, mas a impunidade de um crime seria contabilizada em desfavor da sociedade. Ele ressaltou a importância de que crimes desse tipo sejam devidamente qualificados como feminicídio pois o índice é real e vergonhosamente, o Brasil é o país que está em 5º lugar no mundo, registrando em média 60 feminicídios por dia, conforme os últimos levantamentos. “Feminicídio sim. Crime praticado por homens cotra as mulheres, fazendo uso de algum tipo de poder. Seja de força física ou submetendo-a e desmerecendo-a, pelo fato de ser mulher), defendeu o promotor.

Já a promotora Maria Izabela, se disse chocada por estar participando de seu oitavo juri, nos cinco meses em que atua na comarca, e destes, quatro contra a mulher. “O crescimento dos índices de feminicídio é de 230% nos últimos anos. Ou seja, é mais provável que as mulheres morram por feminicídio do que de câncer ou por outras causas naturais”, enfatizou a promotora, mostrando um vídeo aos jurados, sobre as circunstâncias de desespero em que mulheres procuram socorro, em todo o Brasil. “Se o que está sendo confirmado aqui, não for feminicídio, então não sei o que é”, disse a promotora, reforçando o significado do termo, que é matar pela condição da vítima ser mulher, quando o homem sobrepõe-se na relação de poder.

Na tentativa de desconstruir a acusação do Ministério público, o nomeado advogado de defesa de Fábio Malek, Tomaz Boeira argumentou que não havia provas de que o réu foi o praticante. Que só a palavra da vítima, mesmo com a materialidade do crime não valeria, ignorando o depoimento das testemunhas, uma delas do menor. Por fim, apelou aos jurados, que se optassem pela condenação de Fábio, que não acatassem as qualificações do crime, apontadas pelo MP, pois o réu não era o praticante do crime. “O réu sabe quem foi. Ela estava jurada de morte. É um criminoso que se encontra preso com ele. Ele teme pela vida e por isso não pode dizer quem é. Mas se os senhores optarem pela condenação, pensem que se fosse o Fabio, ele teria agido por ciúmes, pois como já disse aqui, ama essa mulher “, arguiu o advogado do réu.

Depoimentos após a condenação
Para a jovem Caroline Moraes Fernandes Dalla Rosa, que acompanhou um juri pela primeira vez, o caso deveria ter sido tratado desde o começo como feminicídio e não tentativa de homicídio, como constou nos autos da polícia. “Acho interessante a qualificação como feminicídio, pois se ele fosse absolvido, ela continuaria correndo risco. Achei pouco o tempo de condenação. Mas vejo que se todas as vezes que ocorresse isso, fosse tratado logo como femicídio, penso eu que diminuiria as ocorrências”, comenta Carline.

Já a vítima, Suzane de Moraes que hoje trabalha como cozinheira, se disse satisfeita com o bom senso dos jurados, mesmo considerando pouco o tempo de prisão de Fabio. Pois com as reduções da pena, ele se mantem por 9 anos e um mês, em regime fechado. “A justiça foi feita”, conclui Suzane, diz sempre ter mantido o relacionamento do filho com o pai.

Via Comcafé

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