Após cerca de 30 horas de júri popular, Alessandro Meneghel foi condenado a 34 anos e seis meses de reclusão pela morte do Policial Federal Alexandre Drummond Barbosa, em 2012. A decisão do júri foi definida na madrugada desta quinta-feira (23), em Curitiba e proferida pelo juiz Thiago Flôres Carvalho depois das 3 horas.
O julgamento foi longo. No primeiro dia foram cerca de 14 horas ouvindo testemunhas, presencialmente ou por videoconferência. Como um cabo de guerra, defesa e acusação buscaram traçar um perfil da vítima e do réu.
Houve momentos de emoção por parte da família da vítima e de tensão entre juiz, ministério público e advogado. O juiz teve que ser firme para manter a ordem diante de ânimos exaltados.
Ao longa da exposição foram muitas questões técnicas. A imagem do crime foi reprisada e analisada à exaustão, com informações de peritos, inclusive contratados para tentar comprovar qual foi a dinâmica do ocorrido.
No segundo dia a oitiva de Meneghel, que começou por volta das 10h30, só foi concluída no final da tarde. Descontados os intervalos. Meneghel foi ouvido e questionado por cerca de seis horas. Neste período ele se emocionou e ficou irritado muitas vezes, mas não deixou de prestar os esclarecimentos.
Neste segundo dia de julgamento, réu, defesa, acusação, jurados e juiz permaneceram mais de 17 horas debatendo o futuro do ruralista.
Argumentos da acusação
A promotoria apresentou Meneghel como um homem impulsivo e com grande histórico no setor policial.
Acusações da ex-esposa e a filha foram resgatadas. Para a acusação Meneghel saiu aquele dia para caçar, buscou armas e até um cão e voltou com a intenção de matar o policial.
A violência do crime foi detalhada: ossos quebrados, muito sangue, muitos disparos. Tudo para convencer os jurados de que o policial foi vítima de um crime cruel.
Histórico
O crime ocorrido em frente a mais tradicional casa noturna de Cascavel ocorreu em abril de 2012. Meneghel é de uma família tradicional de ruralistas, chegou a ser candidato a deputado e sempre se envolveu em polêmica, especialmente ligadas aos assuntos agrários. O policial federal morto tinha 36 anos e o caso gerou grande comoção na categoria.
Meneghel foi preso na mesma madrugada e ficou por mais de três anos na cadeia. Durante este tempo foi protagonista da sangrenta rebelião na PEC, posto como uma espécie de porta-voz nas negociações. Ele foi liberado para prisão domiciliar em julho de 2015, com uso de tornozeleira.
O próprio júri foi muito polêmico. O local foi transferido para Curitiba para evitar uma possível pressão por parte da família do réu sobre testemunhas. Defendido pelo famoso e polêmico Cláudio Dalledone Junior, foram várias estratégias para adiar o júri. Um julgamento ocorrido em março do ano passado foi totalmente anulado quando se aproximava do final e Dalledone deixou o júri. Foram várias idas e vindas, acusações de coação, datas para o júri remarcadas. Até que Meneghel, aos 50 anos, foi julgado e condenado.
Sentença
Depois da decisão do juiz os promotores choraram. Compuseram o corpo de jurados cinco mulheres e dois homens. O ruralista teve prisão domiciliar revogada e teve a prisão preventiva decretada. Considerando a idade que Meneghel tem hoje e o tempo já cumprido, ele terá cerca de 80 anos quando terminar de cumprir a pena.
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