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Chefe de Polícia Civil do RJ diz que encontrou irregularidades na Draco

A Delegacia de Combate ao Crime Organizado passa por uma devassa.
Uma das suspeitas é uma investigação que foi suspensa em 2 dias



O chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, entregou à Corregedoria Interna de Polícia (Coinpol), na tarde desta segunda-feira (14), documentos de investigações que, segundo ele, apontam irregularidades na Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), comprometendo o titular da especializada, delegado Cláudio Ferraz, e um inspetor. A unidade, que passa por uma devassa da corregedoria, continua interditada.

De acordo com Allan, um dos procedimentos suspeitos, aberto para investigar desvio de licitação na Prefeitura de Rios das Ostras, em 2008, foi arquivado dois dias depois com a justificativa de falta de provas. Segundo o chefe de Polícia, o documento foi entregue em sua residência nesta manhã.

A assessoria de imprensa da prefeitura de Rio das Ostras informou, por meio de nota, que a procuradoria do município nega qualquer envolvimento da cidade no suposto esquema de corrupção relacionado à Draco.

Allan Turnowski comunicou também ao corregedor Gilson Emiliano Soares que foram encontradas seis armas na delegacia, entre pistolas, revólveres e escopetas, sem o devido registro de apreensão.

Outra situação que ele considerou suspeita foi o arquivamento de um procedimento de escuta que investigava recebimento de propinas por agentes da delegacia. Em todos os documentos, segundo o chefe da Polícia Civil, constam as assinaturas do delegado Cláudio Ferraz.

Delegado da Draco diz que "é constrangedor"
"É constrangedor", resumiu o delegado Claudio Ferraz, sobre o fato de a Draco, que comanda, ter sido lacrada pela chefia de Polícia Civil. Em entrevista ao RJTV, o chefe de polícia, Allan Turnowski já havia afirmado haver documentos originais, com a assinatura de Ferraz, que reforçam denúncias de favorecimento a empresas e prefeituras com suspeitas de fraudes em licitações no estado do Rio.

"Eu não tenho o que falar. Ele [Allan Turnowski] tem seus motivos pra fazer essa questão [lacrar a Draco]. Mas é claro que é um constrangimento", afirmou, ao deixar o prédio da unidade.

Apesar de ter ficado cerca de quatro horas no local, junto com o corregedor de polícia, Gilson Emiliano Soares, Ferraz disse que não foi à delegacia por causa do episódio.

"Não sei de apreensões, documentos... Sei que os acessos da delegacia estão proibidos. Eu estou aqui na delegacia para resolver outro assunto, que não tem total ligação com essa busca", reiterou ele, que negou ter alguma rivalidade com Turnowski.

Turnowski justificou sua decisão de lacrar a Draco na entrevista ao RJTV: “No fim de semana, empresários fizeram uma denúncia de que, na Draco, existiriam problemas com a lei de licitação, envolvendo desvio de conduta de policiais”, afirmou. “Então, para preservar a busca desses documentos, a Draco foi lacrada e, nesta segunda, foram encontrados dois documentos originais, com o mesmo número, e com a assinatura do delegado e do inspetor. Por isso, a denúncia passa a ter um valor muito maior”, acrescentou.

Operação Guilhotina
A ação acontece dois dias depois da Operação Guilhotina, realizada na última sexta-feira (11) pela Polícia Federal, na qual 38 dos 45 mandados de prisão já foram cumpridos. Deste total, 30 presos são policiais militares ou civis, que ajudavam traficantes, milicianos e contraventores, com informações sobre as operações policiais, negociando material de apreensão e até dando proteção a criminosos. O chefe de Polícia Civil chegou a ser chamado para prestar esclarecimentos.

Segundo o corregedor, a partir desta semana, passa a valer uma medida do secretário José Mariano Beltrame determinando que a Draco fique diretamente subordinada à Secretaria de Segurança, e não mais à chefia de Polícia Civil.

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