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Cadáver desaparece do IML de Curitiba, e intervenção militar não surtiu efeito esperado

Intervenção militar no instituto terminou ontem.

A direção do Instituto Médico-Legal (IML) poderá instaurar um inquérito administrativo para apurar as causas do desaparecimento do corpo do pedreiro Nilton Lopes Santana, 27 anos, assassinado no mês passado, em Fazenda Rio Grande.

O rapaz foi encontrado morto em 19 de janeiro, em estado de decomposição, e, anteontem, a família conseguiu autorização judicial para sepultá-lo. Porém, para surpresa dos parentes, o cadáver não foi encontrado no necrotério, e o funeral, que já estava marcado, teve que ser cancelado.

A suspeita é que Nilton tenha sido enterrado, por engano, como indigente. Caso o corpo não seja encontrado no IML, todos os cadáveres em estado de decomposição, enterrados a partir da data do crime, deverão ser exumados.

Confirmação

A direção do IML confirmou que os funcionários reviram as salas do necrotério à procura do corpo de Nilton. De acordo com a legislação, os cadáveres sem identificação podem ser enterrados após 30 dias.

Porém, nos casos como o de Nilton, em que a família apenas aguardava o resultado do exame de DNA, o corpo não poderia ser enterrado sem autorização judicial.

“Se o corpo não aparecer, deverá ser instaurado inquérito administrativo para descobrir as circunstâncias do desaparecimento”, disse o diretor-geral do IML, coronel Almir Porcides Júnior, que ontem deixou o cargo. Ele será substituído pelo médico Porcídio D”Otaviano de Castro Vilani.
Problemas vão muito além

Denuncias

O sumiço do corpo de Nilton é apenas um dos casos que comprovam a falta de estrutura e organização do IML. Há exatamente três anos, o órgão foi submetido à intervenção administrativa e uma junta militar, comandada pelo coronel Porcides, assumiu a direção. Na época, comentou-se que a intenção era melhorar as condições do instituto e o atendimento à população.

Porém, a intervenção não surtiu o efeito esperado. Continuaram as reclamações com relação à falta de manutenção das câmaras frias. Desde o início do ano, apenas uma viatura faz a remoção dos corpos de Curitiba e região, porque um veículo está “baixado” e outro, no litoral para atender a Operação Viva o Verão. Em dezembro, um funcionário do IML denunciou irregularidades no órgão, que vão desde abuso de poder a fraudes em licitações e compras de materiais.

Interior do Paraná

Os problemas não se restringem apenas à capital. A partir de segunda-feira, os bombeiros de Maringá, que faziam a remoção dos corpos, deixarão de fazer o serviço.

Em razão disso, o órgão poderá ficar sem funcionários na próxima semana. O diretor Aldo Pesarini admitiu que não há motoristas para fazer a remoção dos corpos e, como não há tempo para realizar concurso, novos funcionários deverão ser contratados como cargo de confiança. Mesmo assim, a contratação pode levar algum tempo.
Frustração como herança

Assim como seu antecessor, o ex-diretor Hélio Bonetto, que afirmou ter solicitado investimentos à Secretaria da Segurança Pública e não foi correspondido, o coronel Porcides também deixa o cargo com sentimento de frustração.

“Criamos vários projetos de melhoria, principalmente no que se refere ao atendimento ao público, que é obrigado a suportar o mau cheiro, a demora, e a falta de estrutura no momento de liberar o corpo de um parente. Mas não recebemos apoio”, lamentou.

Mesmo assim, na avaliação de Porcides, houve evolução em alguns aspectos. “Acabou aquele negócio de dizer que o IML funciona como balcão de negócios”, disse, referindo-se à venda de corpos e o agenciamento de serviço funerário dentro do instituto.

Via Parana online

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