No comício do petista, as mensagens de aposta em Lula eleito presidente em 2018 dividiram espaço com acusações contra os agressores.
Um cartaz grande pendurado na Praça Santos Andrade dizia: "Aqui não é Bagé", em referência aos protestos com os quais a caravana foi recebida, dias antes, na cidade gaúcha. Ali, ruralistas e manifestantes bloquearam a passagem da comitiva com caminhões e tratores, em um prenúncio dos sucessivos episódios de hostilidade que viriam nos dias seguintes.
As caravanas de Lula começaram pelo Nordeste como uma maratona para tentar reforçar a popularidade do petista, mas tiveram passagem conturbada pelo Sul do país.
Na viagem pela região, que começou pelo Rio Grande do Sul, passou por Santa Catarina e agora se encerra no Paraná, a caravana de Lula recebeu ovadas, pedradas e assistiu a confrontos entre manifestantes anti-Lula e militantes petistas.
Lula subiu ao palco na praça por volta das 20h, e acompanhou os últimos discursos da longa lista de correligionários e apoiadores que estavam lá, da ex-presidente Dilma Rousseff e a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, a Manuela D'Ávila e Guilherme Boulos, pré-candidatos a presidência pelo PCdoB e PSOL, respectivamente.
O ex-presidente narrou, um a um, os casos de agressão sofridas ao longo da caravana no sul, como a chegada a Chapecó, em Santa Catarina, onde manifestantes "não queriam que a gente entrasse na cidade, depois ameaçaram com rojão, depois ameaçaram ocupar a pista do aeroporto, cercaram o hotel, e não queriam que a gente fosse para a praça."
Acusou a imprensa de ter sido conivente com os ataques e de incitar o ódio com a cobertura difamatória contra ele, que teria incluído "60 horas do Jornal Nacional" e "70 capas de revista" dedicadas a "falar mal" do petista. "Eles não se conformam que quanto mais falam mais de mim, mais eu cresço nas pesquisas", disse enquanto era aplaudido.
Enquanto Lula falava, uma panela solitária era batida veementemente à distância, de um dos prédios opostos à praça, com bandeiras do Brasil penduradas da janela. Quando dos mesmos prédios alguém soltou rojões, Lula disse para economizá-los para a festa de sua posse no dia 1º de janeiro - uma de diversas falas reforçando sua candidatura em 2018 e a energia "de 30 anos" que ainda teria para ser presidente do Brasil.
Embora a condenação de Lula em segunda instância tenha sido confirmada pelo TRF-4 na segunda-feira, o petista disse não acreditar que vai ser preso - "porque para ser preso tem que ter um crime."
"Eu não tenho nada contra a Lava Jato, mas eu tenho contra mentira", disse, chamando a acusação de favorecimento no tríplex do Guarujá de uma sequência de mentiras que teria envolvido a imprensa, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o juiz Sergio Moro, que proferiu a primeira sentença que o condenou.
"Eles invadiram minha casa, levantaram meu colchão, abriram meu fogão e não encontraram nada. Aí foram na casa do Geddel (Vieira Lima, ex-ministro que teve mais de R$ 50 milhões em espécie encontrados em um apartamento no ano passado) e encontraram. Foram na casa do Rodrigo Roucha Loures (ex-assessor de Temer, que recebeu malas de dinheiro de Joesley Batista), do Cabral (ex-governador do Rio), foram na Suíça e encontraram", disse. "Eu desafio todo dia a que a provar um crime que eu tenha cometido."
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