Denúncias comprometeram 4 concursos públicos em Coronel Vivida, Jataizinho, Santa Cecília do Pavão e Ipiranga
Três concursos públicos realizados em cidades do interior do Paraná foram diretamente afetados pelas denúncias apresentadas pelo programa Fantástico, da Rede Globo. Os processos eram elaborados por empresas mencionadas na reportagem, que mostrou um suposto esquema de cobrança de propina para beneficiar candidatos aos cargos. Os casos mais recentes são de Ipiranga, nos Campos Gerais, que teve um concurso da Câmara cancelado; e Coronel Vivida, no Sudoeste do estado, que teve um certame suspenso. A Câmara de Vereadores de Jataizinho já havia suspendido um concurso realizado pelas empresas sob suspeita.
Nesta sexta-feira (22), a prefeitura de Coronel Vivida suspendeu todos os atos de um concurso, realizado para o preenchimento de vagas em 13 cargos. Segundo a chefe do setor de recursos humanos, Mirlene Weis, a prefeitura atendeu a uma recomendação do Ministério Público do Paraná (MP-PR), que investiga as denúncias. “Os documentos foram encaminhados ao promotor. Dependemos agora da avaliação dele, para saber se seguimos com as outras etapas do concurso ou não”, explicou. O concurso era conduzido pela empresa RCV, de Curitiba, mencionada na reportagem.
As provas do concurso para a prefeitura de Coronel Vivida foram aplicadas em fevereiro e o resultado foi homologado em março. Os candidatos disputavam vagas para cargos em setores diversos, desde operador de máquinas a psicólogos e médicos de diversas especialidades.
Em Ipiranga, nos Campos Gerais, a Câmara Municipal cancelou na quinta-feira (21), um concurso para três vagas: auxiliar administrativo, oficial administrativo e técnico em contabilidade. As provas seriam aplicadas no dia 1º de julho, em processo conduzido também pela empresa RCV, de Curitiba. Segundo o advogado do Legislativo de Ipiranga, Elcio Dalazoana, o cancelamento também atendeu a indicação do MP-PR. “A empresa entrou em descrédito. Para que se evite eventual prejuízo, a promotora entendeu por bem por suspender, mas nós cancelamos”, falou.
Cerca de 200 pessoas haviam se inscrito para concorrer a três vagas. O dinheiro da inscrição, que tinha custo de R$ 35 a R$ 55, deverá ser devolvido. Porém, os procedimentos para isso ainda não foram definidos. As informações serão publicas no site da Câmara Municipal.
No dia 18 de junho, a Câmara Municipal de Jataizinho, no Norte do Paraná, já havia suspendido o concurso público, realizado por uma das empresas envolvidas em um suposto esquema de fraudes. O concurso foi aberto para o preenchimento de cinco vagas, entre elas, a de advogado.
Prefeitura não sabe o que fazer
A prefeitura de Santa Cecília do Pavão, no Norte do estado, tem em andamento um concurso público, cujo processo é conduzido pela Cescar, que também foi citada pelo Fantástico. Segundo informações do setor de recursos humanos da prefeitura, no entanto, desde que a reportagem foi ao ar, não foi possível localizar representantes da empresa. Sem receber nenhuma recomendação externa, a prefeitura não sabe como proceder. “A situação está indefinida, porque a empresa ainda tem compromisso aqui, mas eles desapareceram. Ninguém sabe como vai ser”, disse um funcionário que pediu para não ser identificado.
O “compromisso” a que ele se refere é a aplicação de provas práticas, agendadas para o domingo (24). As provas escritas já foram feitas e homologadas, segundo informações da prefeitura. As vagas em disputa são para os cargos de lavador de carros, jardineiro e professor.
MP fará investigação
O Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público, órgão de apoio aos membros do Ministério Público do Paraná (MP-PR), orientou nesta semana os promotores a abrirem investigações para acompanhar os concursos em órgãos públicos no estado em decorrência das denúncias do Fantástico.
Um ofício foi enviado para que cada promotor faça o acompanhamento dos processos seletivos nas comarcas em que atuam. “Diante da gravidade dos fatos, o Centro de Apoio entendeu ser pertinente a instauração de procedimentos investigatórios no âmbito de cada Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público do Estado do Paraná para verificar, nos últimos cinco anos, a licitude da execução dos contratos celebrados com as empresas citadas naquela matéria, desde a forma como houve a contratação das empresas”, diz trecho do ofício.
O documento é assinado pelo procurador de Justiça e coordenador do CAOP de Proteção ao Patrimônio Público Arion Rolim Pereira, e pelos promotores de Justiça Cláudio Smirne Diniz e Paulo Ovídio dos Santos Lima.
Denúncia
Na reportagem do Fantástico, a representante da DP Consultoria, de concursos de Francisco Beltrão, no Sudoeste do estado, afirma que até cinco candidatos poderiam ser aprovados irregularmente por meio do esquema. O contrato para a realização do concurso irregular ficaria no valor de R$ 22,5 mil. Em outro trecho da matéria, um representante da RCV, de Curitiba, e um da Cescar, de Maringá (no Norte do Paraná), revelaram que trocavam os cartões-resposta para o candidato beneficiado “acertar” o número de questões suficientes para ser aprovado.
Outro lado
Na matéria da Rede Globo, representantes das três empresas negaram as denúncias de fraudes. Nesta sexta-feira (22), a diretora da empresa DP Consultoria disse que não quer comentar o assunto. As empresas RCV e Cescar foram procuradas, mas os telefones de contatos divulgados no site de cada uma delas foram atendidos.
Via Gazeta do Povo
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