terça-feira, janeiro 13, 2015

Silvio Barros quer planejamento de longo prazo no Paraná

Secretário do Turismo no Paraná e no Amazonas e prefeito de Maringá por dois mandatos, Silvio Barros (PHS) foi o escolhido pelo governador Beto Richa (PSDB) para comandar a Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral no segundo mandato. No maior desafio de sua carreira política, Silvio terá de superar os problemas de caixa do estado para ajudar a deixar o governo bem avaliado até 2018 – e, assim, pavimentar o caminho para tornar realidade o objetivo do grupo político do qual faz parte: eleger a cunhada e atual vice-governadora, Cida Borghetti (Pros), como governadora. As informações são de Euclides Lucas Garcia na Gazeta do Povo deste domingo, 11.

Para isso, ele pretende se inspirar em Maringá. A cidade, com a participação direta da sociedade civil, já está elaborando 
seu planejamento até o ano de seu centenário, 2047. “Com o planejamento de longo prazo, é possível estabelecer prioridades para hoje. Nosso trabalho será nesse sentido.”. "O Paraná é um estado rico. Precisamos fazer com que essa riqueza seja transferida para a população. E o governo é o canal para isso".

Além da costura política, quais fatores fizeram o governador Beto Richa convidá-lo para a Secretaria do Planejamento? O que nos qualificou para participar do governo foi o que aconteceu com Maringá nos últimos dez anos. O município saiu de uma situação crítica, endividado e em fase de deterioração, para se tornar uma das mais importantes referências em gestão pública no país. É essa experiência que o governador gostaria que eu trouxesse para o segundo mandato.

Que medidas implantadas em Maringá podem ser reproduzidas no governo? O modelo de planejamento de longo prazo. Em Maringá, faz 18 anos que a sociedade civil organizada é responsável por definir o que cidade deve ser. Esse planejamento realizado pela sociedade é apresentado a todos os candidatos a prefeito, que assumem o compromisso em manter o foco na comunidade. São projetos estratégicos – não todos obviamente –, que não sofrem descontinuidade política, o que é extremamente saudável. Esse modelo do Codem [Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá] tem sido exportado para várias cidades do Brasil e podemos fazer essa experiência no Paraná. Nosso trabalho será nesse sentido.

A falta de planejamento de longo prazo é o principal desafio? Uma visão de apenas quatro anos não permite saber aonde queremos chegar num horizonte mais amplo. Maringá, por exemplo, trabalha com o documento Maringá 2030 elaborado pela comunidade. E já está sendo pensado o projeto Maringá 2047, ano do centenário da cidade. A partir desses documentos, sabemos o que precisa ser feito agora para poder chegar lá. Com o planejamento de longo prazo, é possível estabelecer prioridades para hoje. É isso o que pretendemos propor para a equipe de governo.

Como a sociedade vai participar dessa discussão? Mais de 5 mil lideranças públicas e particulares já se reuniram em torno do Fórum Futuro 10 com uma visão de longo prazo. Não precisamos começar do zero. Temos um trabalho já desenvolvido, uma visão muito boa do que o estado precisa. Com esse tipo de planejamento, que parte da sociedade e é reconhecido justamente por isso, a própria sociedade blinda as políticas públicas contra a descontinuidade. Assim, não é preciso fazer um esforço descomunal para ganhar a eleição para que o projeto em andamento não pare.

O estado vive uma situação financeira difícil. Isso pode atrapalhar esses planos ? Não conheço a realidade econômica do estado. Estou tomando conhecimento agora. Quando assumimos Maringá, a cidade estava endividada, há cinco anos sem a certidão negativa do Tribunal de Contas do Estado [para poder contrair empréstimos e receber verbas estaduais e federais]. Havia R$ 45 milhões de restos a pagar [dívidas] sem cobertura no orçamento. Em apenas uma gestão, conseguimos tirar o município do déficit e colocá-lo em superávit. Nós fizemos isso melhorando a eficiência da máquina pública, não necessariamente sobrecarregando o contribuinte, mas tornando a máquina mais eficiente no gasto e na arrecadação: arrecadar mais e gastar menos. 

É claro que isso [no governo] é competência do secretário da Fazenda [Mauro Ricardo Costa]. Mas, com a experiência que temos, posso dizer que é possível. No que me compete dentro da equipe de governo, pretendo colaborar para que isso aconteça. O Paraná é um estado rico. Precisamos fazer com que essa riqueza seja transferida para a população. E o governo é o canal para isso. O tributo não é para o governo, mas para gerar serviço à população.

Em entrevistas, o seu irmão, deputado federal eleito Ricardo Barros (PP), tem dito que aposta no seu trabalho como secretário para que o governo chegue bem em 2018 e, assim, a vice-governadora Cida Borghetti [mulher de Ricardo] seja eleita governadora. Ele falou com o senhor sobre isso? 
É óbvio que a nossa intenção é que o governo faça um bom trabalho e seja reconhecido pela população. O grande prêmio de quem faz bem feito é a oportunidade de continuar fazendo. Dentro da lógica de colaborar para que tenhamos um bom governo e possamos receber essa autorização da população, vou continuar trabalhando. E é claro que a continuidade dessa proposta implicaria na Cida ser eleita governadora. Entendemos isso como um desafio. Mas quem vai definir a continuidade é a população. Meu grande desafio imediato é a coordenação geral do governo. Já disse ao governador que pretendo trabalhar com muita sintonia entre a Casa Civil, que faz a coordenação política, e o Planejamento, que faz a coordenação operacional. Todas as secretarias devem trabalhar de maneira convergente, uma ajudando a outra em projetos transversais, projetando a construção da marca do governador.

O governador deu carta branca ao senhor para promover esse trabalho? Eu pedi a ele mais do que autorização para fazer isso; pedi autoridade para fazer. Não adianta ter autorização se a equipe não entender que o desejo do governador é esse. E ele deu autoridade à Casa Civil e ao Planejamento para coordenar a máquina.

No projeto de seu grupo político está a conquista de prefeituras em 2016. O senhor pretende se candidatar novamente a prefeito de Maringá? Não tenho como descartar isso. Evidentemente, nosso projeto político é colaborar para um bom resultado do governo do estado. E ver a prefeitura de uma cidade importante como Maringá nas mãos de adversários não iria contribuir em nada. Vou deixar em aberto essa questão.

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