sexta-feira, agosto 22, 2014

Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves

Assuntos: eleições 2014; RN; programa Nordeste Forte; programas sociais;
Sobre agenda em Natal.
Quero dizer que a minha visita hoje ao Rio Grande do Norte, mais uma vez, é para reafirmar o compromisso do nosso governo com a retomada do crescimento do Brasil. Estivemos agora em uma indústria que é exemplo não apenas para o Brasil, mas também para fora do Brasil. O grupo Guararapes, o grupo Riachuelo, demonstra que é possível, sim, competir no Brasil mesmo não tendo o governo condições de oferecer logística e a competitividade necessária para que sejamos cada vez mais competitivos.
 Quero reafirmar o meu compromisso com a simplificação do sistema tributário brasileiro. Quero assumir o compromisso com um choque de logística e infraestrutura no Brasil, em especial na região Nordeste, para que quem produza aqui possa ter melhores condições de competir com quem produz em outras regiões do Brasil.
 Além disso, vamos dar a segurança jurídica necessária, fortalecendo inclusive as nossas agências reguladoras, para que os investimentos que deixaram de vir para o Brasil retornem para o Brasil. Não podemos nos contentar em sermos o lanterna em crescimento na América do Sul e vendo a inflação de novo corroer o salário dos trabalhadores brasileiros.
 A minha mensagem hoje aqui em Natal para os brasileiros de todas as partes do Brasil é de fé no nosso futuro, de confiança na nossa capacidade de readquirir condições de competitividade, crescendo, gerando emprego e renda para todos os brasileiros. Aqui é um exemplo de potencialidades que estão sendo ainda pouco aproveitadas, seja na indústria, seja no agronegócio, seja no turismo, pela falta de investimentos planejados em logística, e por falta do sistema tributário que permita, como disse, o aumento dessa competitividade.
 Sobre recursos para a região.
 Acredito que as regiões desiguais devem ser tratadas de forma desigual. Só assim vamos diminuir as desigualdades. É preciso que haja planejamento, sim, e estímulos diferenciados para empresas que estejam localizadas nas regiões que não são as mais desenvolvidas no país, desde que tenha um compromisso com a inovação, desde que tenha um compromisso com a empregabilidade e com a competitividade. Essa indústria que visitamos tem esses compromissos, e a população do Rio Grande do Norte é a beneficiária maior desses compromissos.
 Sobre a campanha.
 A nossa proposta é uma proposta antagônica ao governo que está aí. Queremos substituir o perverso aparelhamento da máquina pública pela eficiência e pela meritocracia. Queremos uma interlocução com o mundo que não seja essa ideológica e atrasada, que tem impedido a abertura de novos mercados para quem produz no Brasil. Queremos políticas sociais que não se contentem apenas com a administração da pobreza, como acontece hoje, mas busquem a sua integração. E queremos eficiência para superarmos o gargalo logístico que hoje existe no Brasil. O nosso adversário é o governo do PT, e quem vai estar no segundo turno somos nós. Não sei se o PT estará. Mas nós estaremos no segundo turno e vamos vencer as eleições.
 Sobre a possibilidade de o Rio Grande do Norte ter um aeroporto indústria.
 Vejo que temos uma possibilidade enorme de ter aqui um aeroporto indústria, que possa estar produzindo equipamento, por exemplo, para as usinas eólicas em todo o Brasil. Não precisamos estar importando tudo pronto. Podemos ter aqui, pela localização estratégica de Natal, um aeroporto indústria que seja centralizador de inúmeras outras atividades industriais que hoje estão dispersas pelo Brasil. Inclusive com uma legislação específica de importação e de exportação. O Brasil precisa avançar, tem potencialidades desperdiçadas, e estou hoje aqui vendo um exemplo de sucesso. Um absoluto sucesso que vai ter o nosso apoio. Eu serei o presidente do desenvolvimento, do emprego, do crescimento.
  Sobre a continuidade dos programas sociais e Nordeste Forte.
 O Nordeste sempre será prioridade. Não apenas na minha campanha, mas no meu governo. Governei Minas Gerais. Minas Gerais é o Estado que tem o maior número de munícipios do Brasil e temos, para muito orgulho nosso, um Nordeste no nosso território. Temos os vales do Jequitinhonha, do Mucuri, o Norte mineiro, que têm um IDH médio ainda abaixo da média do Nordeste. Eu terminei meu governo tendo investido três vezes mais por cidadão per capita nessa região do que nas regiões mais desenvolvidas. Essa será uma região prioritária não apenas na campanha, mas também no nosso governo.
E, no próximo sábado, estaremos lançando em Salvador um programa que estou chamando de Nordeste Forte, mostrando quais são os principais eixos de investimentos nessa região, que passam pela questão tributaria, pela questão logística, pela questão da inovação, portanto, investimento em ciência, investimento em tecnologia e valorização das variadas vocações que essa região tem. Não tenho dúvida que teremos o melhor programa para essa região.
Em relação aos programas sociais, iniciados, inclusive, no governo do PSDB, como o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola e o Vale-Gás, quero reafirmar aqui mais uma vez: o Bolsa Família vai continuar no nosso governo, mas vamos viver outras etapas. Não compreendemos a pobreza apenas na vertente da privação da renda. Compreendemos a pobreza além da privação da renda, também na privação de serviços como saneamento básico, saúde, e também na privação de oportunidades.
É dessa forma que estamos lançando um programa chamado Família Brasileira. E nesse programa vai dentro do Cadastro único dividir por cinco níveis de carência todos que recebem o Bolsa Família e continuarão a receber. Mas queremos que além da renda, além do cartão, as pessoas possam receber outros serviços do governo. Muitas não têm um banheiro adequado na sua casa, outros têm uma jovem adolescente grávida sem pré-natal adequado sendo realizado. Outros têm, na família, um adulto sem qualificação, para buscar espaço no mercado de trabalho. Vamos tratar de todas estas carências de forma transversal. O que se faz hoje para as populações de mais baixa renda do país é muito pouco em relação aquilo que o meu governo vai fazer.
Sobre críticas de que o PSDB seria um partido elitista.
Isso é falso como uma moeda de três reais. Se não fosse o PSDB, se não tivesse havido a estabilidade da moeda, a modernização da nossa economia, não teria havido o governo do presidente Lula. Vocês se lembrarão que o programa inicial do PT chamava-se Fome Zero, o programa social. Como isso não deu certo, eles tiveram a virtude, e reconheço no presidente Lula em todos os momentos essa virtude, de ter unificado os programas de transferência de renda e ampliado. Vamos continuar a fazer isso porque ninguém pode se achar dono de um projeto ou de um programa apenas porque o ampliou. A administração pública é você aprimorar os bons programas, dar a eles dimensão, adaptá-los às novas realidades.
Aquilo que tem de bom desse governo será melhorado e ampliado. Aquilo que existe de ruim neste governo - e é muita coisa - será extirpado da vida nacional para que possamos resgatar a confiança no Brasil. O Brasil não pode se contentar em, falo isso ao lado do grande senador Agripino Maia, coordenador da minha campanha, ter um crescimento tão pífio da sua economia ao longo desses últimos três anos, e terceirizando sempre as responsabilidades. Não é do mundo as responsabilidades pelo baixo crescimento do Brasil. A responsabilidade é desse governo intervencionista, que flexibilizou os pilares macroeconômicos que haviam nos trazido até aqui e inspira desconfiança e quem deveria ser parceiro para que pudéssemos crescer e nos desenvolver. Eu estou aqui hoje muito feliz na sede do meu partido ao lado do companheiro Rogério Marinho, companheiro Agripino Maia e de tantos outros candidatos a deputado.
Temos um projeto para o Brasil. É inabalável a nossa confiança nesse projeto. Tenho absoluta certeza que, no momento da decisão, não vamos apenas estar no segundo turno, vamos chegar na frente para chegarmos a disputar o segundo turno e vencermos as eleições.
Sobre a volta ao RN após a morte de Eduardo Campos.
Foi um dia imensamente triste. Quando pousei aqui há nove dias, recebi, pelo senador Agripino, que estava ao meu lado no avião e recebeu uma mensagem de seu filho Felipe, a notícia da tragédia. E custamos a acreditar. Ficamos uma meia hora dentro do avião sem saber direito se acreditávamos ou não naquilo, em uma torcida enorme para que aquilo fosse um alarme falso. Conheci o Eduardo há trinta anos. Eduardo acompanhando Miguel Arraes na campanha das Diretas e eu acompanhando Tancredo, meu avô. E desde aquele tempo tivemos uma relação de amizade, de respeito e, sempre, em partidos diferentes, soubemos conversar sobre o Brasil. Meu lamento é grande, não houve como deixar de, chegando aqui hoje, a primeira palavra que dissemos quando pousamos aqui, eu e o senador Agripino, foi exatamente essa. Da grande tragédia. E que fiquem os exemplos, a vontade de Eduardo e de todos nós de mudarmos o Brasil. Disse no meu primeiro programa, a forma de honrar Eduardo, honrar tantos homens públicos de bem que já não estão entre nós, é trabalharmos com seriedade, com responsabilidade, para fazermos o Brasil avançar. Não muda na minha campanha nada, a não ser o sentimento de pesar que levarei comigo para sempre. Mas a minha determinação e disposição de iniciar um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil com ética, com decência, não muda, ao contrário, só aumenta.
Sobre pacote de medidas do governo.
Assistimos no Brasil, já não é de hoje, o governo do improviso, o governo do remendo. Na verdade, o governo percebe que a diminuição da atividade econômica vem ocorrendo mês a mês e busca um pacote no limite do governo, a poucos meses da eleição, de estímulo ao crédito. Tudo que vem de estímulo ao crédito é bem-vindo, mas o governo falhou no que é essencial, --porque além da oferta de crédito, que foi a alternativa que o governo buscou desde a crise de 2009, que não foi uma alternativa equivocada, equivocada foi ela vir solitariamente-- a ausência de regras que possibilitassem que esse crescimento do país viesse via investimento, [e é isso] que tem nos levado hoje a esse limite. Porque, infelizmente, as famílias estão endividadas, certamente o efeito dessas medidas não será aquele que se anuncia, porque na ponta da oferta, na ponta dos investimentos, o Brasil, infelizmente, não avançou. E esse governo, a realidade é essa, o governo do PT, o governo da presidente da República, perdeu a capacidade de inspirar confiança a quem deveria estar hoje investindo no Brasil. Dados da Fundação Getúlio Vargas mostram que, nos últimos seis meses, em todos os setores da economia, comércio, indústria, agronegócio, o pessimismo vem aumentando e a diminuição dos investimentos vem aumentando. A cada ano temos um pouco mais ampla a diminuição dos investimentos e da expectativa em relação ao futuro. Só há uma forma de revertermos essa expectativa que é negativa hoje: mudando o atual governo. Por isso estou aqui e tenho uma grande expectativa de que vamos ter, no Rio Grande do Norte, pelo apoio das lideranças que estão aqui conosco e, mesmo no Nordeste brasileiro, um resultado muito melhor do que aquele que alguns anunciam.

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