terça-feira, junho 03, 2014

Frango, polenta e pedágio

por Doatico Santos 
Os organizadores do almoço festivo realizado neste final de maio, idealizado para incensar as pretensões de Roberto Requião de ser, pela quinta vez, candidato pelo PMDB ao governo, saíram frustrados. Convidaram o vice-presidente da República e presidente de honra do partido, Michel Temer, na expectativa de que ele faria uma pregação contra a tese da coligação com o governador Beto Richa. Imaginaram também que Temer ainda deixaria no ar a ameaça de intervenção no diretório estadual, em caso da derrota da tese da candidatura própria na convenção partidária do dia 20 de junho.

O tiro saiu pela culatra e nada disso aconteceu. Pelo contrário. Michel Temer deu carta branca aos peemedebistas do Paraná para, democrática e livremente, decidirem entre a candidatura própria e a coligação com Beto Richa. E garantiu que não haverá qualquer intervenção do diretório nacional caso a decisão dos convencionais desagrade Requião. Ou seja: a convenção é soberana e o destino do partido no Paraná não será decidido no tapetão. 

Aos partidários de Requião restou, portanto, empanturrarem-se de frango, polenta e radicci. E a observarem, um tanto incrédulos e atarantados, ao inusitado palanque formado pelo senador na sua ânsia de retornar ao Palácio Iguaçu. De um lado o deputado Cleiton Kielse- crítico feroz do pedágio e combativo integrante da CPI do Pedágio da Assembleia Legislativa, que está prestes a entregar seu relatório final. De outro, o ex-deputado federal Marcelo Almeida, que almeja a candidatura ao Senado e é dono de uma das mais rentáveis concessionárias de pedágio do Estado, a Ecovia, além da Ecocataratas e mais sete concessionárias de pedágio em todo o Brasil. Aliás já que estamos falando em pedágio, após prometer que no seu governo o pedágio abaixaria ou acabaria, todos sabemos a realidade: a tarifa mais que dobrou de preço e nenhuma obra foi realizada. 

As boas relações entre Marcelo Almeida e Requião são antigas. Em 2008, Requião deu um presentão para a Ecovia e mandou transferir a duplicação da rodovia PR-407, entre Paranaguá e Praia de Leste, que deveria estar pronta em 2011 Como retribuição, Marcelo está bancando a caravana requianista na cabala de votos dos convencionais. 

Já que falamos de pedágio: o relatório final da CPI do Pedágio mostrará que Requião repetiu as práticas nocivas de Jaime Lerner e fez acordos secretos com as pedageiras. Os contratos de concessão de rodovias federais foram alterados de forma unilateral pelo governo do Estado, sem publicação em Diário Oficial ou comunicação ao governo federal,

Também não passou despercebida pelos convivas a repentina e conveniente tentativa de Requião de reaproximar-se de Orlando Pessuti, a quem sistematicamente ataca há quatro anos. De repente, não mais que de repente, como diria o grande poeta Vinícius de Moraes, eis que Requião esqueceu tudo o que fez e disse contra Pessuti e, dissimulado, o cobriu de afagos.

Mas o Pessutão não é bobo, sabe que para ganhar a convenção Requião é capaz de tudo e não caiu na armadilha da cooptação. Em vez disso, fez questão de refrescar a memória dos comensais e lembar, uma a uma, todas as vezes que Requião sepultou a candidatura de promissoras lideranças do PMDB. 

Foi assim em 1994 quando não deixou o Elias Abrahão ser candidato a governador. Foi assim em 2004, quando não deixou o Gustavo Fruet ser candidato a prefeito de Curitiba. Foi assim em 2010, quando não deixou que o próprio Pessuti fosse candidato a governador. Foi assim em tantos municípios onde impediu candidaturas do PMDB ou apoiou candidatos de outros partidos quando o PMDB tinha candidato próprio

Os estrategistas da candidatura de Requião, ex-secretários desempregados, empreiteiros insatisfeitos, e outros poderosos que tal, que sonham em voltar ao poder, erraram. Não será com frango, polenta e dinheiro do pedágio que vencerão a convenção. Os companheiros do PMDB do Paraná estão cansados de Requião e seu estilo belicoso e ofensivo, estão fartos das dissimulações e comportamentos dúbios, não toleram mais as traições, a egolatria, os privilégios à família e aos apaniguados. Requião continua o mesmo. E não enxerga que o PMDB mudou.
Doatico Santos é secretário geral do PMDB de Curitiba 

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