O ex-deputado Gustavo Fruet quer ser candidato a prefeito de Curitiba – coisa que todo mundo sabe, principalmente o partido ao qual pertence, o PSDB. Seu retrospecto eleitoral torna legítimo tal interesse: de todos os pleitos a que concorreu foi, sempre, o mais votado dos candidatos entre os curitibanos. A façanha maior foi na eleição passada, quando, disputando uma cadeira no Senado, somou 650 mil votos na capital, quase empatando com os votos obtidos pelo candidato a governador vitorioso, o ex-prefeito Beto Richa.
Gustavo foi à convenção do PSDB que, no domingo, aclamou Beto Richa presidente estadual do partido. Primeiro a discursar, Gustavo deu demonstrações de que mantém firme sua disposição de concorrer à prefeitura em 2012 – mas não percebeu no novo presidente da legenda a mesma firmeza. Ao contrário, Richa ainda acha melhor buscar entendimento com candidato de outro partido – o atual prefeito Luciano Ducci, do PSB, interessado na reeleição.
É raro ver-se atitude como esta, isto é, o presidente de um partido trabalhar com a hipótese de apoiar candidato de legenda diversa, ainda que aliado, principalmente quando dispõe em suas próprias fileiras de um nome que se apresenta altamente competitivo, como é exatamente o caso de Gustavo.Não se tirem os méritos de Luciano Ducci. Tradicional e fiel companheiro de Richa, de quem foi vice e secretário municipal da Saúde, ambos construíram uma “dobradinha” que os comprometem pessoal e politicamente. Futuros compadres (Ducci será padrinho de casamento de André Richa), o prefeito tem a seu lado, como secretário de Esportes, outro filho do governador, Marcelo. Além disso, já não há quem desconheça a vontade de Fernanda Richa, a esposa, de ser vice na chapa de Luciano.
Apesar dessas históricas ligações políticas – que agora ascendem ao nível de laços de família –, permanecem incompreensíveis, do ponto de vista partidário, a tibieza e a indefinição com que o novo presidente da legenda trata a questão sucessória de Curitiba Pelo menos três motivos tornam a atitude ainda mais estranha:
• A eleição de prefeito de uma capital da importância de Curitiba tem reflexos nacionais. Renunciar a tal possibilidade equivale a diminuir antecipadamente a força política do partido no país;
• O mesmo raciocínio se aplica ao interior do estado. Na medida em que o PSDB trata como negociável o lançamento de um candidato próprio com chances excepcionais de vitória na capital, negociáveis serão também todas as pretensas candidaturas tucanas no interior;
• A esses dois motivos soma-se um terceiro: é o reconhecimento tácito de que partidos existem para atender a interesses de grupos e não para defender doutrinas ou programas. Servem mais como instrumento de alianças de ocasião do que de afirmação como representante de correntes de pensamento que permeiam a sociedade.
• • •Assim caminha o PSDB no Paraná, agora sob nova direção – coisa que ficou clara na composição da nova direção estadual na convenção de domingo. A presidência do deputado Valdir Rossoni – que brigava pela candidatura própria e defendia a de Gustavo Fruet – passa a ser ocupada pela do governador Beto Richa, defensor, em público, de um suposto acordo entre Fruet e Ducci. As demais posições de comando caíram também nas mãos de seguidores da ideia de que não é essencial nem importante o partido ter candidato próprio.
Começa por uma das vice-presidências: sai o próprio Gustavo Fruet e entra o deputado Alfredo Kaefer. O novo secretário-geral é o deputado Ademar Traiano, até ontem líder de Richa na Assembleia. E o secretário-geral passa a ser o vereador João Cláudio Derosso, principal operador do apoio a Luciano Ducci, de quem também almeja ser vice-prefeito.
O quadro, portanto, ficou claro: o PSDB ficou arrumadinho para sepultar a candidatura de Gustavo. O ex-deputado sabe ter sido rifado pelo menos desde janeiro, mas, ainda assim, prefere manter o ritual litúrgico do diálogo interno antes de despedir-se do partido. Começou conversando com Beto Richa (que nunca lhe disse pessoalmente nem sim nem não); conversou também com deputados e vereadores; e com delegados e convencionais.
Na próxima segunda-feira Gustavo deve cumprir a que talvez seja a última etapa da programação que se impôs: terá em Recife uma conversa com o presidente nacional do partido, deputado Sérgio Guerra. Se desta última tentativa não resultarem frutos, vai se considerar liberado para disputar a prefeitura com Luciano Ducci em 2012. Por outro partido.
Celso Nascimento - Gazeta do Povo
terça-feira, abril 19, 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
É DESTAQUE !!
Um homem FERIDO A ARMA BRANCA em Laranjeiras do Sul
Um homem deu entrada no hospital de Laranjeiras do Sul na noite deste sábado (28) após ser vítima de uma agressão com arma branca, no Centro...

LARANJEIRAS DO SUL NO COMBATE A DENGUE
-
LARANJEIRENSE MORRE EM GRAVE ACIDENTE NA BR 277 Ex-gerente da Sanepar regional de Guarapuava, Evandro Marcos Dalmolin, foi a vítima f...
-
Queda de helicóptero na serra da união em Nova Laranjeiras Neste exato momento , equipes do Corpo de Bombeiros estão em deslocamento , in...
-
NOITE SANGRENTA EM LARANJEIRAS DO SUL, HOMiCÍDIO NO BAIRRO PRESIDENTE VARGAS LOCAL DE CRIME VIA PÚBLICA - BAIRRO PRESIDENTE VARGAS AO LAD...
Nenhum comentário:
Postar um comentário