segunda-feira, abril 11, 2011

Ensinem caminho alternativos

Hora do rush. Centenas de carros parados aguardam em frente a um semáforo que abre e fecha enquanto o trânsito flui preguiçosamente. Centenas de horas desperdiçadas na vida das pessoas, retiradas do convívio entre as famílias, de sua produtividade, do lazer e das atitudes que diminuiriam o estresse da vida moderna.

Hora do rush. Vias alternativas pouco movimentadas. Um ou outro carro circulando numa velocidade coerente, desejada, e que lembra os tempos em que os carros eram um bem acessível a poucos, consertados eternamente, e que existia até mesmo ágio para a compra de um zero quilômetro, como acontecia com determinadas marcas.

Estou a dezessete anos morando no mesmo bairro. E meu marido já era morador de lá. Com ele, aprendi muitas possibilidades de acesso à nossa casa. Dependendo do destino, um caminho alternativo, que nem sempre é o mais curto, mas que apresenta vantagens inquestionáveis em tempo e economia de combustível, sem falar no fato de evitar a sensação de estar jogando a vida fora em uma fila interminável de carros.

Hoje pela manhã, enquanto fazíamos um desses trajetos, chegamos ao destino localizado numa das ruas mais óbvias que as pessoas utilizam. Fiquei alarmada.

Um grande congestionamento, às sete e meia da manhã, enquanto a nova via ao lado permanecia quase deserta. A constatação foi simples. As pessoas não conhecem os caminhos alternativos. Nem no trânsito. Nem na vida.

A propalada falta de tempo que tomou conta do imaginário das pessoas faz que usem horas de seu dia em frente a um computador, ou televisão, sem usar as informações disponíveis, para aprender como poupar um pouco do seu tempo.
As ações públicas, apesar de insuficientes, são mais generosas em construir obras milionárias, do que em ensinar a população a utilizar rotas alternativas. Raras são as sinalizações que ensinam como chegar a um destino por outro caminho senão o mais óbvio.
Com a explosão do mercado imobiliário, centenas de novas pessoas chegam aos bairros mais afastados da cidade, usando todas o mesmo trajeto, nos mesmos horários. Já que nem sempre cabe a nós definir os nossos horários de trabalho, ou da escola dos filhos, resta a nós sermos sujeitos de nossa história, escolhendo como vamos chegar ao nosso destino.

O caminho que todos percorrem pela manhã, ou que todos tomam na vida, não é necessariamente o melhor para você, para sua família. E esse não é um assunto apenas de trânsito. É um assunto de vida.

A cada ano, vejo dezenas de pais matricularem seus filhos nos populares cursos de judô, ballet, futebol e inglês, sem ao menos levarem os filhos para conhecer outras atividades, outros esportes, sendo que cada criança pode encontrar seu caminho.
Para algumas coisas, só existe um caminho. Mas para a maioria das coisas da vida, existem inúmeras possibilidades.

Cultivar e incentivar a procura de caminhos alternativos, desde que corretos e legais, é uma escolha não apenas de trânsito. É uma escolha de vida!

Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo é Diretora do Centro Educacional Evangélico e Conselheira do SINEPE-PR.

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