(*) João Arruda
Ao terminar a convenção do PMDB no Paraná, ficou a certeza de que, para muitos companheiros, as perspectivas pessoais são determinantes nas escolhas públicas: uma política perigosa. Essa política, sim, joga contra o estado. Levando em conta a nova executiva e os membros do partido, somos parte tucanos e parte sem saber para onde ir, ao mesmo tempo. Uma ambiguidade que nos custa caro.
Grosseiramente, no princípio físico, as oposições se anulam; grosseiramente, na teoria política, as oposições se sustentam. É, porém, curioso, que nem os fenômenos da física e nem as teorias da inteligência expliquem o que acontece fisiologicamente no PMDB.
Mas não é o momento de parar agora. Pelo contrário, apesar dos erros evidentes, como as articulações internas suspeitas antes da votação, é louvável que o partido tenha mantido o princípio pelo qual se constituiu, o democrático.
A vontade manifestada pela maioria dos votos foi respeitada. Não há chance para o coronelismo em um país tão cheio de futuro e um estado tão cheio de bons eleitores. Portanto, não se trata de negar o poder instituído, mas tornar clara a condição do PMDB no Paraná. Em resumo, levando em conta as decisões mais recentes, dificilmente se poderá governar em 2014.
Houve o tempo em que ocultismos políticos, especialmente alianças pouco ortodoxas, eram velados e disso se aproveitaram diversas regalias. Sob essa égide é que tantas carreiras políticas afundaram sob o ódio popular. Fique claro, então, que 44% dos votos foram favoráveis a uma candidatura própria, mas que, contra dois grupos unidos, esse número perdeu.
E isso quer dizer que o senador e ex-governador Roberto Requião não vai disputar eleição majoritária. E que os tempos serão incrivelmente difíceis para o partido, no que tange a 2014. No caso de uma candidatura própria, os nomes do partido são os de Serraglio, Pessuti, Sérgio Souza ou um dos deputados. E isso não é uma ironia, mas justamente a decisão da convenção. Qualquer um deles terá de encarar o PSDB, que hoje está no Palácio das Araucárias governando cargos e salários, inclusive de muita gente do PMDB.
Quando se diz de dois grupos, dos que não são requianistas, diz-se da fila de políticos que segue Beto Richa a troco de promessas, e do que começa a negociar em uma direção eleitoreira, mas sempre no varejo. O PMDB está ameaçado em um ponto crítico, no aspecto da governabilidade, porque esse atributo se firma com independência e alianças bem escolhidas. Nesse contexto é que se o PMDB tivesse optado, na convenção, pela candidatura própria em 2014 teria de procurar um nome que suportasse as condições adversas.
Quanto a mim, reunirei os companheiros com os quais compartilho ideais. Vamos decidir juntos que direção tomar. Posso antecipar que ainda temos força e fé nos dias que estão por vir. Que
trabalhamos para ter a convicção do poeta Vinicius de Moraes ao escrever “nós, que somos a inteligência do país”, ainda que o desejo em si seja um trabalho para o resto da vida.
Posso também antecipar que nosso apoio não será ao não cumprimento de promessas expressivas de campanha do atual governo, como o aumento de 28% aos professores, ou helicópteros para a saúde no interior.
Antes da votação, o presidente do partido e deputado estadual, Waldyr Pugliesi, disse que estávamos “caminhando para o desconhecido”. Mas, o resultado da disputa não muda em nada o cenário. De qualquer modo, “uma casa dividida não subsiste”.
O trabalho segue com ainda mais concentração, porque para isso fomos eleitos. Do trabalho de cada companheiro se saberá quem é do povo e quem é de si mesmo.
Nesta sexta-feira (21), em que tanto se falou sobre a possibilidade do fim do mundo, uma reflexão se faz oportuna. Se os peemedebistas do Paraná tivessem acreditado mesmo no fim do planeta, o resultado da convenção seria outro.
(*) João Arruda é deputado federal eleito pelo PMDB do Paraná
Comentários