Todos os anos é a mesma coisa. A magia se repete. É como se a vida não fosse um moto contínuo. O calendário gregoriano cria essa ilusão do eterno recomeço. É como diz o poema: cortar o tempo em fatias foi uma ideia genial, industrializa a esperança, instalando o milagre da renovação, com um novo número e a vontade de acreditar que vai ser diferente. Cartomantes, jogadores de búzios, videntes fazem profecias. Catástrofes, crimes, guerras, mortes, acontecimentos vários. E os economistas, ah, nós, os economistas, projetamos, no mundo e no Brasil, taxas de crescimento, inflação, crises e prognósticos. Nem uns, nem outros fazem autocrítica, quando, ao fim de mais um ano, a realidade desmente todas as projeções. E com a maior elegância, repetem o exercício de futurologia. O Brasil de 2015 é outro país. Tivemos a mais polarizada eleição presidencial. A semente plantada nas jornadas de rua de junho de 2013 renasceu revigorada. Hoje temos uma oposição fortalecida e uma opinião pública inquiet...