O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) instaurou nesta quinta (9) dois novos processos contra a médica Virginia Soares de Souza, acusada de matar pacientes na UTI do hospital Evangélico de Curitiba. Para os desembargadores, há indícios de crime nas mortes de duas pacientes em 2012
A 1ª Câmara Criminal, em votação unânime, recebeu duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público (MP-PR) contra a médica. A profissional foi acusada pelas mortes das pacientes Rosaína Gomes dos Santos, de 35 anos, e Natália Nunes de Araújo, de 16 anos, ocorridas em 2012, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Evangélico, em Curitiba.
Em setembro de 2018, os documentos apresentados pelo MP que apontavam a médica como autora dos dois homicídios qualificados foram rejeitados pela 2ª Vara do Tribunal do Júri do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba. Diante disso, o Ministério Público recorreu ao TJ. Durante a sessão de julgamento desta quinta-feira, a 1ª Câmara Criminal considerou que as narrativas apresentadas pela acusação são suficientes para a instauração de um processo criminal que deve, após a devida instrução, decidir se os casos serão ou não levados para julgamento pelo Tribunal do Júri.
Defesa - Em nota, a defesa de Virgínia, os advogados Elias Mattar Assad e Louise Mattar Assad, informou que entrar com recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal (STF), caso se iniciem novas ações penais. "Ficará novamente provado que a acusada apenas praticou atos típicos de medicina intensiva, previstos em protocolos e literatura médica", diz a nota.
Inocentada - Em 2017, a médica Virgínia Soares de Souza e outras sete pessoas foram inocentadas pelo 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba da acusação de anteciparem a morte de pacientes que estavam internados na UTI do Hospital Evangélico. Segundo a denúncia, eles usaram técnicas médicas para que oito pacientes morressem, para liberar leitos na UTI. O MP-PR recorreu da decisão da Justiça. O recurso ainda aguarda julgamento em segunda instância.
Indenização - Também em 2017, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) confirmou decisão de primeira instância que obriga o Hospital Evangélico de Curitiba a indenizar em R$ 4 milhões a médica Virgínia Soares de Souza, que foi chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), da instituição. A demissão dela aconteceu após ser acusada pela polícia de antecipar a morte de pacientes. A Justiça, no entanto, a inocentou do crime. A ação reconheceu vínculo de emprego, embora a médica não tivesse registro em carteira de trabalho, e também inclui horas extras, intervalos, adicional noturno, recolhimento de FGTS e verbas rescisórias.