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Dilma e Serra durante debate

A expectativa era de um embate menos agressivo, no entanto Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não pouparam farpas

O terceiro debate do segundo turno da eleição presidencial, que ocorreu na segunda-feira (25), foi uma extensão das críticas já adotadas por Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no horário eleitoral gratuito. Ambos atacaram com armas conhecidas de outros encontros na televisão, como privatizações, andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Petrobras e a relação com o Movimento Sem Terra (MST). Atrás nas pesquisas, o tucano foi mais ofensivo do que nas discussões anteriores.

A seis dias do pleito, a expectativa inicial era de um embate menos agressivo. Ambos, no entanto, não pouparam farpas. Também repetiram a prática de contornar perguntas complexas com assuntos que coubesse melhor no momento – o que contribuiu para tornar o evento mais maçante.

Sinceridade e mentira

Nos três blocos, os dois fizeram questão de colocar em xeque a sinceridade do rival nas respostas. Dilma disse que o opositor “enrolava” e era “mal informado” e que fugiu especialmente de questões sobre criação de empregos. Já Serra afirmou que a mentira era uma “especialidade” da petista e que ela falava “coisas fantasiosas”.

Logo na primeira pergunta, o tucano atacou a eficiência do PAC e tentou apresentar suas ideias para o Nordeste. Dilma, que foi gerente do programa na Casa Civil, declarou várias vezes que apenas o adversário não vê as obras acontecerem. Na segunda pergunta de Serra, sobre banda larga, ele aproveitou para abordar o escândalo envolvendo a ex-assessora de Dilma, Erenice Guerra.

A petista utilizou o mesmo argumento dos dois debates anteriores. Disse que o governo Lula puniu Erenice, enquanto o PSDB e Serra nada fizeram contra Paulo Preto, ex-funcionário do tucano no governo de São Paulo acusado de deixar a campanha levando com R$ 4 milhões. No encontro anterior, na RedeTV!, os dois só entraram nesse assunto quando eles foram perguntados por jornalistas.

Erros

Na Record, porém, só houve perguntas entre os candidatos (cinco para cada, com tempo para réplica, tréplica e para as considerações finais). Visivelmente cansados, eles cometeram vários atropelos – Dilma gaguejou seguidas vezes, assim como Serra se atrapalhou com o tempo das respostas. E retomaram bordões de debates anteriores – o “assertivo” da petista e o “trololó” do tucano.

Uma das poucas novidades, já introduzida no debate eleitoral, foi a argumentação de Serra sobre a privatização da Petrobras. Enquanto Dilma insistiu na tese de que ele era favorável à venda da empresa, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e que agora quer privatizar o pré-sal, ele disse que a gestão Lula já promoveu a privatização de 108 áreas de exploração. Metade delas teria sido concedida a empresas estrangeiras.

Aborto

A legalização do aborto, assunto recorrente no segundo turno, só foi tratada uma vez por Serra, quando ele tentou falar sobre a ambiguidade da rival. “A Dilma prega contra a privatização, mas ela defende a privatização. Fala contra o aborto, mas defende o aborto. Fala contra o MST, mas defende o MST.”

No contra-ataque, Dilma também usou a falta de palavra do rival, que assinou um documento comprometendo-se a cumprir todo o mandato como prefeito de São Paulo, em 2004 e em 2006 concorreu a governador. A petista também atacou várias vezes a postura do rival, tentando jogar a audiência contra ele. “Candidato, é bom que você tenha mais humildade e elegância. Não se ganha debate nem se governa com desdém.”

O debate desta segunda-feira foi o nono entre Dilma e Serra desde o primeiro turno. O décimo e último ocorre na sexta-feira, após a novela Passione, na Rede Globo.

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