A direção da escola confirmou à Gazeta do Povo que não foram exibidas as outras entrevistas feitas pelo telejornal até então, com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o candidato Ciro Gomes (PDT). O nome do professor e a disciplina que ele leciona também não foram divulgadas pela escola, que confirmou que o professor foi chamado para prestar esclarecimentos sobre a iniciativa de passar aos alunos apenas a entrevista de Lula.
O caso foi encaminhado ao Núcleo Regional de Educação de Laranjeiras do Sul, que não respondeu aos questionamentos feitos pela reportagem. A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Educação (Seed), que declarou que a "escola não é espaço para propaganda político-partidária". A situação, diz a pasta, será investigada e todas as medidas cabíveis serão adotadas.
Confira a nota na íntegra da Seed: "A escola não é espaço para propaganda política-partidária. A Seed-PR está apurando os detalhes da história e tomará todas as medidas cabíveis para que isso não se repita em nossos colégios. A secretaria respeita todas as posições políticas e, portanto, não privilegia nenhuma delas. Isso é um princípio basilar de qualquer instituição de Estado."
Mãe de estudante conta que jovem pediu por aula de Redação e não foi atendida por professor
Mãe de uma estudante na turma em que a entrevista foi exibida durante a aula disse que a transmissão foi feita durante uma aula de Língua Portuguesa, e que o professor não deu mais explicações sobre os motivos que o levaram a exibir a entrevista no lugar de dar a aula.
“Ela chegou lá e os colegas comentaram sobre a entrevista do Lula que ia passar na televisão. Teve a do Bolsonaro na segunda e a do Ciro na terça, mas o professor não passou nenhuma dessas outras para eles, apenas a do Lula. Mesmo sabendo que não pode haver propaganda política dentro de sala de aula, ele foi lá e colocou. Minha filha não gosta de política, e disse que tinha ido lá para assistir à aula. O professor disse apenas que quem não quisesse ficar poderia sair da sala”, contou.
Ainda de acordo com a mãe, a jovem não concordou em ter que assistir à entrevista em vez de reforçar conteúdos que serão exigidos em avaliações futuras, como o Enem. “Minha filha questionou o professor, porque nós já passamos do meio do ano e daqui a pouco eles vão fazer as provas do Enem. Ela perguntou por que eles não estavam tendo um reforço de Redação, por exemplo, que é algo tão importante nessa avaliação do Enem. O professor levantou a voz com ela e respondeu que eles iriam ter essa aula ‘quando desse’”, afirmou.
Turma ficou revoltada com estudante, conta a mãe
Ao sair da sala, a jovem ligou para casa avisando sobre o ocorrido, e o pai dela foi buscá-la no colégio. O professor, então, teria se justificado dizendo que só estava exibindo a entrevista porque isso teria sido uma demanda dos próprios alunos. “A turma ficou contra a minha filha, se revoltou contra ela. Mas ela está lá para assistir à aula, e não para ver política. É lógico que alguns alunos iriam concordar, porque também seria uma forma de não precisar estudar. Da mesma forma que eu exijo que a minha filha respeite o professor e os colegas, eu também exijo que o professor e os colegas respeitem a minha filha. Ela faz cursinho o dia inteiro, está se esforçando para passar em Medicina, e à noite vai na escola para estudar, não para ver entrevista”, desabafou a mãe.
Fonte: Gazeta do Povo
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