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78 ANOS DO MÚLTIPLO E GENIAL PAULO LEMINSKI SEGUNDO GILMAR CARDOSO


 78 ANOS DO MÚLTIPLO E GENIAL PAULO LEMINSKI SEGUNDO GILMAR CARDOSO

“Na luta de classes, todas as armas são boas: pedras, noite e poemas.” - (Paulo Leminski) 


O dia 24 de agosto marca a celebração da memória do genial Paulo Leminski, nascido em Curitiba em 1944, há exatos 78 anos. O poeta, escritor, tradutor e professor pode ser considerado um dos mais destacados poetas brasileiros da segunda metade do século XX com ressonância cultural e ecos atuais.

Escritor, poeta, tradutor e professor, Paulo Leminski é sem dúvida nenhuma um gigante da nossa literatura. Nascido no dia 24 de agosto de 1944, em Curitiba, tornou-se um dos mais destacados poetas brasileiros do século XX. Inventou seu próprio jeito de escrever poesias, fazendo trocadilhos ou  brincando com ditados populares.

Com uma rica obra poética, de prosa experimental, tradução e ensaios, Paulo Leminski se consolidou como um dos nomes mais importantes e vibrantes da literatura brasileira. O escritor, que completaria 78 anos no dia 24/08, experimentou diversas linguagens artísticas – e se destacou também na área musical. Com mais de 100 canções, ele teve suas composições gravadas por nomes como Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira. Em 2015, sua filha Estrela Leminski compilou as canções do pai em um songbook com partituras e cifras que podem ser baixadas de modo gratuito.

Para o advogado e poeta Gilmar Cardoso, a melhor forma de celebrar seu aniversário é conhecer sua poesia e nos inspirarmos para a luta! 

Foi casado com a poetisa Alice Ruiz por vinte anos e tiveram duas filhas, exerceu a profissão de jornalista e professor, depois passou a ganhar a vida em Curitiba como redator de publicidade. Faleceu em Curitiba, no dia 7 de junho de 1989, aos 44 anos de idade, em consequência de uma cirrose hepática, que o acompanhou por vários anos.

Segundo o advogado e poeta Gilmar Cardoso, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da cadeira nº 01 da Academia Mourãoense de Letras, a genialidade criativa do curitibano Paulo Leminski criou o seu estilo próprio, inovador e ousado de escrever poesias, calando profundo a expressão e o sentido em nossas almas e mentes ao fazer trocadilhos ou brincando com tradicionais provérbios e ditados populares, disse.

Poeta paranaense de projeção nacional, Leminski pode ser considerado uma figura emblemática na evolução ou na revolução da poesia brasileira. Polêmico e irreverente, ele tem uma multidão de admiradores devido a originalidade de seus versos. Crítico literário, letrista, tradutor e professor de História e de Redação em cursinhos pré-vestibulares, sua poesia é marcante porque Leminski inventou um jeito próprio de se comunicar, com trocadilhos, brincadeiras e forte influência do haicai, além de abusar de gírias  e palavrões, tudo de forma bastante instigante. Leminski tinha como trunfo tornar o comum em algo especial, destaca Gilmar Cardoso.

A estreia de Leminski no cenário foi marcada pela chamada narrativa experimental, através do livro – Catatau, de 1975. A obra de prosa,trata supostamente, das alucinações do filósofo Descartes, caso ele tivesse vindo ao Brasil com a armada de Maurício de Nassau, durante as Invasões Holandesas. A sequência de edições para consagradora trajetória foi reunida em 2013 na obra antológica – Toda Poesia – que reuniu trabalhos lançados entre 1944 e 1989 e transformou-se em best seller lançado pela editora Companhia das Letras. Leminski também fez muitas traduções e deixou postumamente um ciclo de biografias denominado “Vida”, em que relatou a trajetória de Jesus Cristo, Trotsky, Bashô e Cruz e Souza.

Gilmar Cardoso descreve que é mesmo de se espantar que uma antologia de poesias tenha liderado o ranking das listas dos livros mais vendidos no país durante meses, tendo chegado a desbancar best sellers internacionais como 50 Tons de Cinza, por exemplo. A poesia cotidiana e acessível do Leminski cativou não só o leitor habituado a lírica como também seduziu quem nunca havia sido grande fã de versos. A partir de então seus textos viraram febre e alcançaram um público ainda mais amplo.

Antes de Toda Poesia, o nosso “pequeno poeta de província” até então, que circulava praticamente em autoedição em Curitiba, reuniu pela primeira vez seus poemas numa edição comercial em Caprichos & relaxos, também foi um estrondo para os padrões da poesia: várias edições em poucos anos, somando dezenas de milhares de livros. De lá pra cá, o cachorro louco sempre fez chover no piquenique de quem diz que poesia é para poucos. Leminski, sem dúvida, é para muitos.

Leminski era fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, era faixa preta de caratê. Escreveu a biografia de Matsuo Bashô, e dentro do território livre da poesia marginal escreveu poemas à moda de um grafiti, com sabor de haicai.

O poeta Gilmar Cardoso avalia que essa edição não se resumiu a uma mera coletânea de poemas esparsos até então publicados em livros diversos, mas, contou ainda com a inclusão de comentários críticos como a apresentação da poeta e companheira Alice Ruiz e o trabalho primoroso de José Miguel Wisnik, além dos depoimentos sobre Leminski e sua obra. O mérito desta  magistral coletânea foi o de trazer ao público poemas que se encontravam fora de circulação há anos, o que dificultava o acesso e conhecimento dos  novos leitores.

Considerado que pelos sentimentos que perpassam cada poesia, deparamo-nos com temas sobre o amor, a vida, alegrias, medos e tristezas que são assuntos que permeiam o cotidiano de cada um; essa obra foge dos clássicos que acostamos a ver nas escolas. Entre haicais e canções, poemas concretos e líricos, Toda Poesia percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano e revela por que Paulo Leminski é um dos poetas brasileiros mais lidos das últimas décadas, afirma Gilmar Cardoso. Caminhas pelas páginas deste livro é viajar pela poesia – uma verdadeira aventura para a inteligência e sensibilidade.

Paulo Leminski foi tradutor de John Lennon, Petrônio, James Joyce e Samuel Beckett e ainda tem composições gravadas por Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Moraes Moreira e a Banda Blindagem. Passou por nossa cena cultura como um meteoro, marcando o céu da literatura e imprimindo-o em nossa memória. Para Gilmar Cardoso, mesmo tendo morrido muito cedo, aos 44 anos de idade, Leminski viveu intensamente  e deixou uma obra vigorosa, robusta, atual, múltipla e relevante ao fazer história com poesias sem compromisso, marcadas por experimentalismo linguístico e narrativo. O “polaco” tornou-se, ainda em vida, um dos poetas mais importantes do século XX.

Além de ter dedicado grande parte de sua obra aos haikais, Paulo Leminski também deixou uma grande contribuição para a Música Popular Brasileira. Fez parcerias com Caetano Veloso, Moraes Moreira, Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção e também com a banda A Cor do Som.

O poeta Gilmar Cardoso avalia que a obra de Paulo Leminski  é a expressão de uma inteligência múltipla, plural e inquieta ao passar pela aventura textual concretista, biografias e traduções, até letras de músicas e tercetos líricos e humorísticos de grande penetração no público. A sua consciência crítica, a capacidade criativa e o toque certeiro são peculiares e próprios. Sua obra é marcada pela concisão, irreverência, coloquialidade e o rigor da construção formal. O poeta apropriou-se dos recursos visuais da publicidade, dos provérbios e trocadilhos da cultura popular, elementos herdados da poesia concretista que surgiu no Brasil, na década de 50.

Leminski era um artista à frente do seu tempo, precursor de um estilo de linguagem muito corrente na atualidade, com uma comunicação objetiva e concisão literária. Dizia o  máximo com o mínimo, tinha senso de humor e ironia. Era erudito e pop. Um verdadeiro e nato autor clássico contemporâneo, frisa Gilmar Cardoso.

Paulo Leminski - o poeta marginal de Curitiba - chegou aos anos 80 fixando sua marca em trabalhos assinados nas principais revistas e jornais , enquanto encantava com suas impecáveis traduções de John Fante, Alfred Jarry, Yukio Mishima e Samuel Beckett. Este livro resgata a vida deste artista que foi hippie; professor de judô, História e redação; publicitário; inveterado conquistador; marido de Alice Ruiz; gênio e doido; ídolo e mestre que deixou muita poesia e saudade para gerações de leitores.

Nenhum poeta brasileiro foi tão paradoxal quanto Paulo Leminski. Inquieto, incessante, além da geração. Nas suas próprias palavras, ele não fosse isso e era menos,não fosse tanto e era quase.

Paulo Leminski morreu em 7 de junho de 1989, vítima do agravamento de uma cirrose hepática. Suas publicações e seus pensamentos influenciaram as gerações seguintes e suas obras fazem parte da cultura curitibana.

Parafraseando o título de sua censurada biografia – O bandido que sabia latim – Paulo Leminski é fundamental para entender como a palavra e o poeta se entrelaçam e –não discute com o destino, o que pintar do peito, eu assino.

Por fim, declama-nos o poeta Gilmar Cardoso em alusão à data do aniversário da lenda: O PauloLeminski é um cachorro louco, que deve ser morto a pau a pedra, a fogo a pique, senão é bem capaz, o filhodaputa, de fazer chover em nosso piquenique. (– Paulo Leminski, do livro “Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase”. 1980).

 

Obras de Paulo Leminski

•         Catatau (1976)

•         80 Poemas (1980)

•         Caprichos e Relaxos (1983)

•         Agora é Que São Elas (1984)

•         Anseios Crípticos (1986)

•         Distraídos Venceremos (1987)

•         Guerra Dentro da Gente (1988)

•         La Vie Em Close (1991)

•         Metamorfose (1994)

•         O Ex-Estranho (1996)

•         Toda Poesia (2013).

 



"Escrevo. E pronto.

Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto.

Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,

E as estrelas lá no céu

Lembram letras no papel,

Quando o poema me anoitece.

A aranha tece teias.

O peixe beija e morde o que vê.

Eu escrevo apenas.

Tem que ter por quê?"


Razão de Ser, 

Leminski.


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