PMs questionam desigualdade nos reajustes salariais entre praças e oficiais


Nos bastidores e nas rodas de conversas, Policiais Militares de baixa patente demonstram descontentamento e posição contrária ao Projeto de Lei (PL) 542/2024, proposto pelo governo estadual, que prevê a reestruturação da carreira militar no Paraná.

Durante a entrevista à rádio Educadora de Francisco Beltrão enquanto convidava a população para uma manifestação sobre o projeto no calçadão central da praça do município, o vereador Polícial Oberdan Saretta (PSDB), salientou que o projeto apresenta uma desigualdade significativa na distribuição dos reajustes salariais entre os oficiais e as praças (soldados, cabos, sargentos e subtenentes). Segundo o vereador, enquanto os oficiais receberão um aumento de aproximadamente 32%, os praças terão reajustes que não ultrapassam 12%, com alguns profissionais recebendo incrementos mínimos de cerca de R$30. “Não somos contra o reajuste dos oficiais, mas queremos ser tratados de forma igualitária. Se cabe o reajuste de 32% para eles, cabe para nós também”, afirmou o vereador, frisando a importância do trabalho dos praças, que atuam diretamente nas ruas e enfrentam cargas horárias pesadas.
Saretta ressaltou a importância do movimento para conscientizar a sociedade sobre as condições de trabalho e a valorização dos praças. Como os policiais militares em atividade são proibidos de se manifestar publicamente devido ao regimento disciplinar da corporação, o vereador está convocando familiares, amigos, membros da sociedade civil e empresários locais para participarem do debate e de manifestações. Ele mencionou ainda a participação de grupos que historicamente apoiam a Polícia Militar, como os integrantes da Corrida da Rotam e do passeio de motociclistas da ROCAM, destacando a importância de apoio popular para pressionar por um tratamento mais equitativo.

"Lembrando que a tropa é formada por 95% de praças e 5% de oficiais. Quem realmente está fazendo o policiamento de rua, exposto a todos os perigos relacionados ao trabalho na segurança pública, são os praças da PMPR. São eles que morrem em confrontos, em acidentes durante deslocamentos e até quem gasta em processos para se defender de acusações, justas ou injustas", disse a nossa reportagem um policial que não quis se identificar.

O policial ainda apontou que a tabela de "reestruturação de carreira" não reflete essa realidade: "Enquanto o soldado que entra hoje na instituição, e que vai fazer a maior parte do trabalho no policiamento, receberá pouco mais de R$ 750 de aumento, fracionados em três anos, um coronel de último posto será contemplado com mais de R$ 4.500."

O descontentamento também se baseia na disparidade salarial entre as patentes: "Hoje, um coronel de último posto recebe cerca de R$ 35.000; ao final de 2026, esse valor será de R$ 41.318,62. Isso não é reestruturação de carreira; é a elevação de uma casta privilegiada, que vai ganhar quase igual ao Presidente da República," concluiu o policial que está nas fileiras da PM à cerca de 10 anos.

O projeto de reestruturação da carreira militar estadual, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), propõe alterações significativas nas tabelas salariais e na progressão de carreira dos militares. O texto foi defendido pelo governo estadual como uma forma de adequar os quadros de vencimentos, mas tem sido alvo de críticas pela falta de isonomia entre as classes, com um aumento desproporcional para os cargos de oficiais.

Além de convocar a sociedade para a mobilização, Oberdan Saretta chamou atenção para a solidez financeira do estado do Paraná, que registrou um crescimento do PIB de cerca de 8% no último ano e uma arrecadação de R$11 bilhões. Ele reforçou que, diante dessa capacidade financeira, é possível valorizar igualmente todas as classes da carreira militar.

A manifestação, segundo o vereador, tem como principal objetivo a revisão do PL 542/2024 e a inclusão de emendas que assegurem reajustes equitativos.





Debates na CCJ da ALEP:

O deputado estadual Requião Filho (PT) reforçou seu posicionamento em relação ao Projeto de Lei 542/2024, que visa a reestruturação salarial da Polícia Militar do Paraná (PMPR). Em declaração recente, o parlamentar destacou a importância de ampliar o alcance do projeto, que, segundo ele, não pode favorecer exclusivamente uma pequena parcela da corporação, estimada em apenas 5%.

"A reestruturação da carreira da PMPR não pode beneficiar apenas 5% da corporação. É por isso que estamos lutando e construindo emendas para o projeto, buscando atender melhor os nossos Praças", afirmou Requião Filho. O deputado também pediu o apoio da população para pressionar por mudanças mais inclusivas no projeto, mencionando que continuará trabalhando intensamente para que o plano atenda às necessidades dos Praças.

O posicionamento de Requião Filho reflete uma preocupação com a valorização de todos os membros da PMPR, especialmente aqueles que ocupam posições de base na hierarquia da corporação. A proposta original do projeto, segundo ele, precisa ser aprimorada para contemplar de forma justa os Praças, que compõem a maioria da força policial e enfrentam desafios cotidianos no cumprimento de suas funções.

A luta do deputado inclui a apresentação de emendas ao projeto de lei, visando promover uma distribuição mais equilibrada dos benefícios e, assim, fortalecer a carreira dos policiais em todas as suas categorias.

Via: Vale Sudoeste - Foto: Divulgação

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