O “ESTAGIÁRIO” E O “ZÓIO AZUL”: O CONTO DO NATAL ILUMINADO DE LARANJEIRAS DO SUL
Todo final de ano é tempo de balanço. As pessoas revisitam escolhas, erros, acertos e projetam caminhos. Fazemos isso como indivíduos, como comunidade e como cidade. Eu, Minotto não fujo à regra. O Blog Olho Aberto também não. Não divergimos do povão — porque eu sou o povão. E não vou sair daqui.
Mas esta retrospectiva não será apenas sobre mim, enquanto ser humano falível, sujeito a erros e acertos — talvez mais erros do que acertos. Será, sobretudo, sobre Laranjeiras do Sul, essa cidade que escolhi e que, de alguma forma, também me escolheu como filho.
E começo pelo ponto mais difícil:
O PERDÃO
Quero encerrar este ano pedindo perdão. Mas não um perdão protocolar, desses que cabem em postagem de fim de ano. Falo de redenção. De reconhecer que errei ao avaliar pessoas apenas pelo critério objetivo — “não tem condições de exercer tal cargo público” — quando talvez a pergunta correta fosse outra: “há alguém melhor preparado para exercê-lo?”
Essa reflexão me levou a revisitar vídeos e postagens de figuras públicas locais. Um, em especial, chamou atenção: o vídeo em que Santin Roveda, atual presidente do Detran e ex-secretário de Justiça do Paraná, muda de lado. Rompe com o apoio ao então candidato Jaison Mendes — o “Estagiário” — e passa a apoiar Scarpari na corrida pela prefeitura de nosso município.
Santin percebeu antes de todos. Leu o cenário, entendeu o risco, posicionou-se. E nós não ouvimos. Se tivéssemos ouvido, talvez hoje Laranjeiras estivesse em outro estágio — e não nesse laboratório de improvisos.
É por isso que começo pedindo desculpas a quem critiquei de forma dura e insistente. Scarpari, fui seu crítico contumaz. Hoje, com a realidade posta, peço desculpas de coração. Porque ficou claro: o Estagiário não é apenas inexperiente — ele é um prejuízo concreto à administração pública.
Mas sigamos. Sem abraços longos, sem lágrimas. Vamos à retrospectiva.
MANUAL DE INSTRUÇÕES NÃO INCLUSO
Se você acreditava que gestão pública vem com manual, permita-me apresentar o que se tornou Laranjeiras do Sul desde a posse do agora conhecido nos bastidores como o Estagiário, Jaison Mendes.
Um prefeito que, com menos experiência política do que currículo de gaiteiro de palco improvisado, parece acreditar que governar uma cidade é como subir nos eventos, se autopromover e repetir eternamente o mesmo “hit” de Chrystian & Ralf:
“Tinha um sonho… Ir pra Nova York…” - Pois vá, Jaison. Vá para Nova York.
Leve a namorada. Mas, por favor, deixe a prefeitura em paz.
Jaison Rodrigo Mendes, empresário, 35 anos, chegou ao cargo máximo do Executivo municipal com 61,8% dos votos em 2024. Mais de 11 mil laranjeirenses confiaram nele. Quem dera esses votos viessem com um aviso na caixa: “PRODUTO EM FASE DE TESTES”.
IMPROVISO NO LUGAR DE PLANEJAMENTO
Desde janeiro de 2025, a gestão do Estagiário se caracteriza por atos administrativos que mais parecem rascunhos mal revisados do que decisões de governo. Decretos, convocações e vídeos substituíram planejamento, metas e estratégia.
Não há um plano claro de investimentos. Não há norte administrativo. O que existe é uma gestão voltada à autopromoção digital. Mas vale lembrar:
REDE SOCIAL NÃO TAPA BURACO NO ASFALTO.
E quando tapa, tapa com cimento — porque sequer conseguem concluir uma licitação séria para comprar asfalto adequado.
E então surgem os puxa-sacos de plantão, gritando que “O ASFALTO DO BERTO NÃO PRESTAVA”. Amigos, acordem: o prefeito agora é Jaison Mendes. Berto não governa mais há um ano.
GOVERNAR CULPANDO O ANTECESSOR É CONFISSÃO PÚBLICA DE INCAPACIDADE.
Laranjeiras vive, paradoxalmente, à sombra da gestão de Berto Silva. E não porque ele esteja presente, mas porque, com essa equipe atual, nem se Jaison soubesse o que está fazendo conseguiria repetir os resultados.
O problema central é que o Estagiário nunca desceu do palanque. E, talvez pela primeira vez na história política local, vemos um grupo que venceu a eleição se comportar como se tivesse perdido — perseguindo adversários, fechando-se em bolhas e tratando o poder como revanche.
Não ampliaram o grupo. Blindaram-se. Criaram uma bolha cinzenta. E essa bolha hoje é o próprio governo
.
ESQUECERAM — OU FINGEM ESQUECER — QUE NÃO FOI JAISON MENDES E SEU GRUPO QUE VENCERAM A ELEIÇÃO, MAS SIM A REJEIÇÃO ACUMULADA DE SCARPARI E DE SEUS APOIADORES QUE ACABOU POR DEFINIR O RESULTADO DO PLEITO.
A leitura política disso é simples, objetiva e clássica. Basta observar um dado incontestável: o União Brasil, partido de Jaison Mendes e o mesmo que abriga Sergio Moro seu candidato a Governo do Estado, não conseguiu eleger sequer um vereador em Laranjeiras do Sul. Esse fato, por si só, desmonta qualquer narrativa de força partidária, liderança consolidada ou projeto político próprio.
A prova é matemática e política ao mesmo tempo. Quando um candidato vence, mas seu partido não constrói base legislativa mínima, o recado das urnas é claro:
O VOTO NÃO FOI DE ADESÃO, FOI DE REPULSA AO ADVERSÁRIO.
Isso não é exclusividade de Laranjeiras do Sul. É uma lógica recorrente na política municipal, estadual e nacional. Eleições, na prática, são decididas muito mais pelo grau de rejeição do que pelo nível de aprovação. Se fosse diferente, Scarpari e Berto Silva seriam eternos à frente da prefeitura.
O erro da atual gestão foi confundir uma vitória circunstancial com capital político real. Governar acreditando que se venceu por mérito próprio — quando, na verdade, venceu-se pela rejeição alheia — é o primeiro passo para a soberba administrativa e, quase sempre, para o fracasso político.
NEPOTISMO, AMADORISMO E NETWORKING
Convém lembrar que o governo Sirlene começou a trilhar o caminho da não reeleição apenas no terceiro ano de mandato. Já a atual gestão do nosso querido Estagiário alcançou esse feito em tempo recorde: no oitavo mês do primeiro ano já exibe todos os sinais de um governo esgotado, sem rumo e politicamente inviável.
Trata-se de uma administração que já nasceu com “CARA DE DERROTA”. Desorganizada desde a origem, lembra aquelas empresas que abrem em fundo de quintal e quebram antes mesmo da primeira semestre de investimento. E, em vez de buscar sustentação na técnica, no planejamento e na competência administrativa, encontrou seu eixo no nepotismo cruzado disfarçado de “confiança política”.
O resultado está posto:
UM GOVERNO PREMATURAMENTE CANSADO, FRAGILIZADO POLITICAMENTE E SUSTENTADO POR RELAÇÕES PESSOAIS
não por um projeto consistente de cidade.
E, para que isso piamente se concretize, vale contratar quem tem bom Instagram, mas não currículo. Quem é amigo, parente, conhecido. Quem frequenta o mesmo círculo social. Trabalhou em alguma empresa da família do Estagiário. Ou, convenientemente, esposa, irmão ou marido de vereador.
Em empresas minimamente sérias, boa parte dos atuais secretários e cargos comissionados não passaria sequer pela triagem inicial de currículo. Na Prefeitura de Laranjeiras do Sul, pularam essa etapa e foram direto para a chefia. Assumiram pastas estratégicas e sensíveis, muitas vezes sem dominar o básico da administração pública — em alguns casos, sem sequer saber redigir um ofício.
Há também os casos curiosos dos herdeiros de sobrenomes tradicionais, que não precisam trabalhar, mas precisam parecer que trabalham. Afinal, chega um momento em que até os filhos perguntam:
“PAI, VOCÊ TRABALHA ONDE?”
E nada resolve melhor esse constrangimento do que um cargo comissionado bem remunerado, pago com dinheiro público e claro com diárias para curtir finais de semanas em Foz do Iguaçu em algum “resort”.
E se você assina o nome com três pontinhos no final, também há espaço garantido. Formação técnica, conhecimento específico, experiência administrativa? Detalhes irrelevantes. Basta repetir o refrão — “Tinha um sonho… Ir pra Nova York…” — bater palmas para a gaita desafinada ao final dos eventos oficiais e pronto
“ESTÁ HABILITADO A GERIR RECURSOS PÚBLICOS.
A política de recursos humanos da atual gestão lembra um grupo de WhatsApp: “quem topa?” E, como diria qualquer coach de ocasião — desses que escrevem livros de autoajuda administrativa, moram nas cercanias de Laranjeiras e já ganharam o apelido carinhoso de “Brinco do Estagiário”, “Brinco de Prefeito” — “quem faz networking, lucra”. Na Prefeitura de Laranjeiras do Sul, o lema foi levado ao pé da letra: quem faz networking ganha salário.
E, como se não bastasse, ganha também diárias. Porque, claro, não poderia faltar a farra das diárias. O caso mais emblemático é o do DIRETOR MULTIFUNÇÃO, personagem onipresente da gestão, que parece ter como missão pessoal — e obsessiva — tentar DERRUBAR A SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Enquanto isso, lambuzou-se em mais de R$ 30 mil em diárias de viagens sem justificativa plausível.
Pergunta simples, quase ingênua: em sã consciência, que diretor — E AINDA POR CIMA DE MEIA PATACA — gasta esse valor em viagens? Estamos falando de uma quantia que corresponde, em média, a um ano inteiro de salário da maioria dos servidores públicos de Laranjeiras do Sul.
Mas parece que, para alguns, dinheiro público não tem peso. Não dói no bolso. Não exige explicação. Afinal, quem pode, pode. Só Jaison Mendes e sua prole, ao que tudo indica, consideram isso normal.
Enquanto isso, o serviço público segue em modo “beta”, a cidade segue esperando resultados, e a conta — como sempre — fica para o contribuinte pagar.
O CONTRASTE COM O VETERANO DE “ZÓIO AZUL”
Enquanto isso, o nome que volta a ecoar na cidade é Berto Silva. Praticamente esquecido pela população, pois sua última gestão demonstrava cansaço e um certo afastamento da população, principalmente da que sempre o elegeu, o povão.
Mas uma manobra do Estagiário de Prefeito o recitou. Ao tentar “NEGOCIAR” a reprovação das contas do ex-Prefeito, mais por dor na cabeça de algum vereador, do que por inicitiva propia, conseguiu consolidar uma frente ampla, perdeu apoio na câmara de vereadores e lançou Berto ao cenário Estadual novamente.
Pois uma coisa a política nos ensina, é se proteger e se outro tenta fazer isso contra com sua carreira, faz contra todos. E Berto como um frango de macumba, renasce das oferendas, novamente para despertar o interesse de partidos e grupos políticos do Parana.
E diga-se de passagem, tenho minhas diferenças com ele, mas é um político veterano, com quatro mandatos, comunicação afiada e — gostem ou não — resultados concretos. Sua gestão acumulou altos índices de aprovação, chegando a cerca de 85% em áreas essenciais.
Berto não era um novato de gabinete. Radialista, conhece a cidade, entende o jogo político e entregou obras, projetos e equipamentos públicos — com sua assinatura.
Sim, houve polêmicas. Houve embates. Houve rejeição política de contas, mesmo com parecer técnico favorável do Tribunal de Contas. Tudo isso é verdade. Mas também é verdade que governo se mede por entregas, não por stories.
O CONTRASTE É GRITANTE:
De um lado, um político experiente, com aprovação e obras.
DO OUTRO, um gestor que ainda parece procurar onde encontrar a impressora da prefeitura.
E digo, a próxima eleição vai ser entre o que o Estagiário não aprendeu e o que o Berto já sabe.
O Estagiário Perdido: A metáfora do estagiário não é exagero. É diagnóstico. Vemos decisões improvisadas, notas oficiais opacas, prioridades invertidas. Licitações para flores e festas ganham destaque enquanto problemas estruturais seguem sem resposta. A cidade assiste. Aguarda. Compara.
EM MEIO À PENUMBRA, DUAS LUZES SE ACENDEM FORA DA PREFEITURA MAIS ILUMINADA DO BRASIL
Uma retrospectiva séria de governo deve se apoiar em fatos, não na repetição mecânica do script herdado de outra gestão. E é exatamente isso que o Estagiário vem fazendo: seguindo a cartilha e executando, com atraso e sem brilho, projetos engendrados, planejados e deixados por Berto Silva.
Na escuridão administrativa que marca sua gestão, há quem tente atribuir responsabilidades à oposição. Isso não passa de narrativa conveniente. É mentira. A oposição, até aqui, mal se mexeu.
Qualquer pessoa que compreenda minimamente a dinâmica política sabe que oposição de verdade não nasce espontaneamente no primeiro ano de governo. Ela só começa a se estruturar a partir do alinhamento com o governo do Estado, com grupos consolidados, candidaturas proporcionais definidas, estratégias pactuadas, espaços negociados e promessas minimamente organizadas. Esse processo, historicamente, começa em março do próximo ano, não antes. Esperando os candidatos a Governo do Estado, Deputados Estaduais e Federais.
O que corrói o governo Jaison Mendes não é oposição externa — é fogo amigo. E fogo amigo, como a política ensina desde sempre, derruba mais governos do que qualquer adversário declarado. Mas, por conveniência ou incapacidade de autocrítica, insiste-se em jogar essa conta no colo de uma oposição que ainda nem entrou em campo.
Ainda assim, no meio dessa obscuridade — iluminada apenas pelas famosas “luzinhas”, pagas com o nosso dinheiro —, um ponto fora da curva merece registro. O secretário de Viação, Renato Piovesan.
É preciso reconhecer: Renato não teria grande dificuldade para superar o antigo ocupante da pasta. Muitos dizem que bastaria abrir a porta da secretaria e dar “bom dia” para já parecer melhor. Ainda assim, ele foi além. Mostrou capacidade técnica, organização administrativa e poder de execução. Fez da sua pasta a mais eficiente do governo, superando inclusive secretarias essenciais que operam com recursos infindáveis.
Aqui, é justo dar o braço a torcer. Fora esse ponto isolado, porém, o saldo da gestão é desolador. Se fosse possível resumi-la em uma única imagem, não seria símbolo de progresso, nem de esperança. Seria aquela expressão silenciosa e desconfortável que surge quando alguém olha para algo mal feito e se pergunta, com constrangimento genuíno: “Mas… o que é isso?” Essa, infelizmente, é a síntese mais honesta do governo até aqui.
CONCLUSÃO: LUZES DE NATAL NÃO ILUMINAM GESTÃO
Se Berto Silva representou uma administração enraizada no conhecimento do município, no diálogo com a população e em resultados concretos — ainda que marcada por conflitos, críticas e controvérsias —, Jaison Mendes simboliza um estágio prolongado sem tutor, sem plano e sem rumo.
A DIFERENÇA ENTRE GOVERNAR E ENCENAR É CLARA. ENTRE ILUMINAR A CIDADE COM OBRAS E TENTAR ESCONDER A AUSÊNCIA DE IDEIAS COM LUZES DE NATAL, HÁ UM ABISMO. LUZES PISCAM. OBRAS FICAM.
Enquanto o estagiário ainda tenta descobrir quem responde à imprensa, qual secretaria faz o quê e onde está a impressora do gabinete, o veterano já colecionava inaugurações que ficaram gravadas na memória coletiva da cidade.
E se política é comunicação — e ela é — talvez o maior desafio do atual prefeito não seja técnico, administrativo ou orçamentário.
TALVEZ SEJA MAIS BÁSICO: APRENDER A LÍNGUA MATERNA DA PRÓPRIA CIDADE.
Porque Laranjeiras do Sul já entendeu.
Este é um final triste, sim. Mas, sobretudo, previsível. E encerro esta retrospectiva com um convite simples, quase doméstico, mas profundamente politizado.
ABRA A SUA JANELA. OLHE PARA A SUA RUA. OLHE PARA A SUA CIDADE. E RESPONDA, DO FUNDO DO CORAÇÃO:
Fora as “luzinhas”, o que realmente mudou em Laranjeiras do Sul no último ano? Mais obras? Mais eficiência? Mais serviços públicos de qualidade? Ou apenas mais diárias, mais cargos comissionados e mais vídeos ensaiados para redes sociais?
Essa resposta não está nos discursos, nem nas postagens patrocinadas. Ela está aí fora. Na rua. No bairro. Na cidade real. E essa cidade, infelizmente, segue esperando que o estágio acabe — ou que alguém, finalmente, assuma o cargo de prefeito.


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