Guarda municipal é denunciado por homicídio doloso por atirar e matar adolescente com tiro na cabeça durante abordagem em Curitiba
Garoto de 17 anos estava no 3º ano do Ensino Médio — Foto: Arquivo da família |
O guarda municipal Edilson Pereira da Silva foi denunciado nesta terça-feira (30) pelo crime de homicídio doloso, quando há a intenção de matar, pela morte do adolescente Caio Lemes, de 17 anos, durante uma abordagem da corporação em Curitiba.
Na denúncia, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) também acusou Edilson de fraude processual.
O caso aconteceu em 25 de março, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). No Boletim de Ocorrência (B.O.), Edilson afirmou que o estudante tirou do boné uma faca de 25 centímetros e que atirou para resguardar a própria vida.
Contudo, na denúncia, o MP-PR relata que o adolescente "já se encontrava rendido, ajoelhado e com as mãos na cabeça" quando o guarda municipal atirou contra ele.
Edilson foi denunciado com as qualificadoras de motivo fútil por, segundo o Ministério Público, disparar pelo fato de Caio não ter obedecido à voz de abordagem e também por recurso que dificultou a defesa da vítima.
O advogado Rodrigo Cunha, que defende Edilson e também o guarda municipal Edmar Teixeira Júnior (entenda abaixo), afirmou que a denúncia "vai totalmente contra os elementos probatórios colhidos no inquérito policial".
Sobre a tipificação de homicídio doloso, diferente do culposo apontado no indiciamento, a defesa afirmou que em momento algum Edilson agiu com a intenção de matar Caio.
"Tanto que não houve dolo, que a autoridade policial não indiciou por homicídio doloso, e sim culposo", cita trecho da nota.
Lâmina de faca foi colocada ao lado da vítima
Além de Edilson, o guarda municipal Edmar Teixeira Júnior também foi denunciado, mas apenas por fraude processual. A reportagem também tenta retorno da defesa.
Conforme o MP-PR, os dois colocaram de forma intencional uma lâmina de faca ao lado do corpo da vítima para simular que o disparo contra Caio teria sido feito em legítima defesa.
Durante as investigações, testemunhas negaram a versão e relataram que Caio estava rendido quando levou o tiro. Um terceiro guarda municipal, presente na abordagem, afirmou que o jovem não portava uma faca o registro no boletim de ocorrência.
O caso
No B.O. registrado inicialmente pelos guardas municipais, os agentes afirmaram que faziam patrulhamento preventivo quando foram informados por um motorista de que havia pessoas na região suspeitas de tráfico de drogas.
Na abordagem, o agente que estava de carro cercou Caio, que teria feito movimento indicando que iria se deitar.
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Porém, nessa hora, o guarda relatou que o adolescente tirou do boné a faca. Ele afirmou ter se sentido ameaçado e, para resguardar a própria vida, disparado com arma de fogo.
De acordo com o guarda municipal Anderson Bueno, o jovem não era alvo da revista inicial feita pela equipe e a faca foi colocada no local. A afirmação foi dada por ele à polícia.
Segundo Bueno, Caio passou correndo pelo local onde ocorria uma abordagem, momento em que começou a ser perseguido pela equipe policial. O agente afirmou que acredita que o jovem tenha se assustado ao ver a abordagem acontecendo e, por isso, correu.
Câmeras não gravaram ocorrência
Os três guardas estavam com câmeras acopladas às fardas, mas, segundo a Prefeitura de Curitiba, o equipamentos não foram acionados para gravação.
Conforme a prefeitura, todos os agentes receberam treinamento para uso das câmeras. A defesa dos GMs envolvidos disse que eles não tiveram tempo de ligar as câmeras.
Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2023/05/30/guarda-municipal-e-denunciado-por-homicidio-doloso-por-atirar-e-matar-adolescente-com-tiro-na-cabeca-durante-abordagem-em-curitiba.ghtml
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