Indígenas voltam a trabalhar em frigorífico após controle da Covid-19 em aldeia de São Miguel do Iguaçu

Os trabalhadores indígenas da aldeia Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná, voltaram a trabalhar no frigorífico da Lar em Matelândia, também no oeste, nesta quinta-feira (7), segundo o cacique da reserva indígena, Celso Jopoty.

A aldeia teve um surto de Covid-19 em 2020 após trabalhadores indígenas do frigorífico serem infectados pelo novo coronavírus. À época, a reserva ficou interditada por dois meses e o pagé da aldeia morreu vítima da doença.

O cacique disse em entrevista ao G1 que teme por novas contaminações na reserva após o retorno dos funcionários. Por isso, buscará auxílio do Ministério do Público do Trabalho (MPT) para tentar uma solução.

"Foi bem difícil, mas conseguimos controlar o surto. Agora não temos nenhum caso da doença na aldeia, então vamos tentar rever esse retorno dos trabalhadores porque isso nos preocupa de novo. Na época não tínhamos lugar para colocar os infectados, usamos a escola, mas não temos estrutura para lidar com isso, então foi complicado, uma correria."

De acordo com a cooperativa agroindustrial Lar, os indígenas foram convocados como os demais trabalhadores que estavam com os contratos suspensos por causa da pandemia.

O frigorífico informou que a medida foi realizada porque foram encerrados os benefícios da legislação federal de emergência.

Coronavírus

A Aldeia Indígena Avá-Guarani Tekoha Ocoy conta com cerca de 850 pessoas. À época do surto, conforme o cacique, 88 indígenas foram contaminados pela Covid-19 em duas semanas, sendo que o pagé e outros dois deles precisaram ser internados.

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o estado tem cerca de 17 mil indígenas, em 63 aldeias, distribuídas em 30 municípios, localizados em 12 Regionais de Saúde.

Do início da pandemia até quarta-feira (6), o Paraná registrou 748 casos confirmados do novo coronavírus em indígenas e sete mortes pela Covid-19, conforme a Sesa. Outros 335 casos são considerados suspeitos nas aldeias do estado.

O que diz a cooperativa?

A Lar não informou quantos indígenas trabalham na unidade e nem a data de quando tinham sido afastados.

Segundo a cooperativa, os funcionários retomarão as atividades após passarem por triagem médica.

Além disso, informou que todas as unidades seguem os protocolos de prevenção da Covid-19 determinados pelas autoridades sanitárias.