O avanço do Estado do Paraná rumo ao status de ser considerado território livre de febre aftosa sem necessidade de vacinação deu mais um importante passo nesta quarta-feira (28) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), durante uma audiência pública realizada no Plenário da Casa para debater o tema. O encontro “O Paraná livre da aftosa sem vacinação reuniu parlamentares, representantes do Estado, entidades de classe, além de milhares de produtores e pecuaristas para defender a nova condição sanitária do Paraná.
“É um movimento de extrema importância para o setor pecuário do Paraná, que busca o reconhecimento do estado como área livre da aftosa sem vacinação, o que já é realidade e vem sendo comprovado por diversos estudos”, disse o deputado Artagão Júnior, que também é vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
A expectativa da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) declare o estado livre de febre aftosa sem vacinação ainda em setembro deste ano. Depois disso, espera-se que a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) chancele o novo status paranaense em maio de 2021. A medida antecipa em dois anos o planejamento do Programa Nacional de Erradicação de Febre Aftosa (PNEFA).
De acordo com a SEAB, a última campanha de vacinação do rebanho bovino e bubalino foi em maio deste ano. Caso o Paraná passe à nova categoria, a próxima campanha, prevista para novembro, pode nem ocorrer. O argumento é que os produtores vacinam seus rebanhos sem necessidade, já que o vírus da aftosa está erradicado no Estado. O último foco de febre aftosa foi em 2006. Desde então, não houve mais registros de circulação viral no território paranaense.
A estimativa é de que a medida de elevar o Estado ao status de área livre de aftosa gere aos produtores paranaenses uma economia de cerca de R$ 30 milhões gastos na vacinação. Além disso, a chancela concedida pela OIE possibilita ao Estado ampliar o comércio mundial de carnes, acessando mercados que têm restrições ao rebanho vacinado. Por fim, outro benefício destacado é separação do Paraná do bloco formado por 25 estados também considerados como área livre com vacinação. A medida visa proteger o Estado, fazendo com que ele não seja prejudicado caso, em uma eventualidade, focos da doença apareçam em outras localidades.
De acordo com a SEAB, o novo status pode permitir ao Paraná dobrar as exportações de carne suína, das atuais 107 mil toneladas para 200 mil toneladas por ano. Isso pode acontecer em caso de o Estado conquistar apenas 2% do mercado potencial, liderado por Japão, México e Coreia do Sul, que pagam mais pelo produto com procedência sanitária.
Segundo dados do Sistema Ocepar, as três principais cadeias de proteína animal (bovino, suíno e ave) têm um peso significativo na economia e sociedade paranaense. Em 2018, o Valor Bruto de Produção (VBP) do frango atingiu mais de R$ 14 bilhões, valor que representa 16% do faturamento da produção agropecuária do Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral). No mesmo ano, a suinocultura representou mais de R$ 3 bilhões, enquanto a bovinocultura chegou a outros R$ 3 bilhões – ou seja, ambas as cadeias representando 4% do VBP.
Com Thiago Alonso
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