TRANSPARÊNCIA ÀS AVESSAS: QUANDO ATÉ O “ACESSO” SOME
Se alguém ainda tinha dúvida sobre o que significa um governo “em modo estagiário”, dezembro tratou de esclarecer.
Estagiários da educação municipal — profissionais que seguram a rotina escolar na prática — receberam salário proporcional a apenas 18 dias trabalhados, com desconto de R$ 454,80, sob a justificativa informal de que o financeiro da prefeitura estaria “quebrado”. Que belo cartão de Natal.
Curioso é que, no mandato anterior, o pagamento sempre foi integral, com mês fechado. Não era favor. Era obrigação legal e respeito mínimo ao trabalhador. Hoje, o discurso mudou: falta dinheiro, falta organização, falta comando. O que não falta é desculpa.
O salário atual dos estagiários gira em torno de R$ 1.137,00 — valor que já beira o constrangimento. E, para melhorar, a previsão para o próximo ano é redução para R$ 1.112,00. Em pleno 2026, com inflação, custo de vida em alta e prefeitura iluminada por luzinhas, o reconhecimento vem em forma de corte.
Mas a cereja do bolo veio depois.
Ao questionarem o RH sobre possíveis erros nos holerites, os estagiários não receberam explicação, correção ou resposta formal. Receberam algo melhor: o acesso ao sistema foi simplesmente cortado. Pronto. Problema resolvido. Se ninguém vê o holerite, o desconto não existe. Transparência por subtração.
É esse o novo modelo de gestão pública em Laranjeiras do Sul:
– Se questiona, bloqueia.
– Se falta dinheiro, desconta do mais fraco.
– Se o erro aparece, apaga o acesso.
E depois ainda querem convencer a cidade de que tudo vai bem, que é só “fase de adaptação”, que o prefeito é jovem, moderno, gestor.
Gestor de quê?
Porque sem estagiários, a escola não funciona. Sem estagiários, o professor não dá conta. Sem estagiários, o discurso bonito não vira realidade. Mas, aparentemente, para o atual prefeito, estagiário só serve enquanto não questiona.
A comparação é inevitável e dolorosa para quem governa hoje:
No governo anterior, salário integral.
No atual, salário picotado.
Antes, diálogo.
Agora, bloqueio de acesso.
Antes, gestão.
Agora, improviso.
O prefeito Jaison Mendes prometeu modernidade, eficiência e gestão técnica. Entregou desorganização financeira, amadorismo administrativo e silêncio institucional. Quando o caixa aperta, não se corta festa, diária ou autopromoção. Corta-se de quem ganha menos e tem menos voz.
Isso não é apenas má gestão.
É escolha política.
E quando um governo começa a economizar em cima de estagiário da educação, enquanto mantém a máquina inchada de cargos comissionados, o recado é claro: o problema não é falta de dinheiro. É falta de prioridade, de empatia e de capacidade.
MAS FIQUEM TRANQUILOS.
AS LUZINHAS ESTÃO LINDAS.
SÓ O HOLERITE É QUE APAGOU.



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