sexta-feira, dezembro 23, 2016

Conheça o curitibano que inventou a famosa música das ligações a cobrar


Está na memória e na boca do povo: lá se vão quase 30 anos desde que o mesmo toque passou a ser ouvido por todo brasileiro nas chamadas a cobrar. Era um tempo em que os orelhões ainda eram muito usados.

E, como toda música, essa também tem um autor: e ele é paranaense, de Curitiba. Carlos Roberto de Oliveira Freiras: engenheiro de som, músico, arranjador.


À época, ele nem imaginava que a música, que fez a pedido de um amigo que trabalhava em uma empresa de telefonia, ficaria conhecida em todo o país. A princípio, ela seria utilizada só no Paraná, mas acabou virando uma espécie de identidade própria da chamada a cobrar em todo o país

Carlos tem testemunha de que é o autor. O amigo Reinaldo Godinho viu de perto a criação e escreveu a partitura. "Ele criou a ideia e trabalhou no teclado. Até para dar a característica do timbre. E, aí, me mostrou e pediu: 'Escreve para mim?'. Respondi: 'claro'. Eu realmente fui testemunha ocular da história", brinca.

Tempos depois, Carlos descobriu, por acaso, que a música tinha viralizado. "Como era uma coisa de três segundos, não dei tanta importância. Uma música tão pequenininha, né? Mas depois, com o passar do tempo, em 90, descobri que era nacional. Eu não sabia", relata.

O músico conta que ficou bravo quando um amigo do Maranhão ligou a cobrar. "Pensei: 'Mas que cara de pau!'. Mas foi bom porque, aí, perguntei se a musiquinha tocava lá também. E ele disse: 'Toca. Você não conhece? 'Tem pobre ligando pra mim'', conta. Carlos diz que achou um barato. "Tinha até a letra 'Tem pobre ligando pra mim'", canta.

Aos poucos, o curitibano ficou sabendo que muito mais gente estava usando a música dele, como a cantora Kelly Key em um de seus clipes; e a Magda, personagem de Marisa Orth, ao atender ao telefone em um dos episódios do extinto programa Sai de Baixo, da Rede Globo.

Reivindicação dos direitos
Em 2009, quando Carlos se deu conta do quanto a música dele estava popular, tratou de registrar a composição na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

No entanto, só no ano passado ele se inscreveu na Associação Brasileira de Música e Arte (Abramus), que é quem cuida dos direitos autorais. O paranaense também contratou uma advogada para cuidar dos seus direitos.

"Estamos gestionando a parte de indenização e dos direitos advindos da obra, para que, junto a Abramus, seja recolhido esses valores junto ao Ecad [Direitos Autorais]", explica a advogada Eliane Machado Zenamon.

Para homenageá-lo, um músico de São Paulo, Ronaldo "Cordas de Oliveira, fez arranjos da chamada a cobrar em várias versões.

E a musiquinha, que para todo mundo é sinal de gasto, pode ser a aposentadoria tranquila para o músico que está chegando aos 70 anos. "Acho que minha aposentadoria está aí. Eu acho que é justo, né? Vamos pela justiça, é o mais certo", acredita.

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