sexta-feira, setembro 28, 2012

Palmital:" Casa de Pedra",será oficializado como Tubo lávico



PARECER SOBRE A CAVIDADE EM ROCHA BASÁLTICA
NOMINADA “CASA DE PEDRA” NO MUNICÍPIO DE PALMITAL,
PARANÁ.


GUARAPUAVA
2012
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INTRODUÇÃO

As rochas vulcânicas que compõe a Formação Serra Geral da Bacia do
Paraná são resultantes do maior e mais complexo, evento vulcânico já ocorrido
no Planeta Terra. Muitas das evidências que poderiam auxiliar na interpretação
do Edifício Serra Geral se perderam no tempo (NARDY, 1995). Dessa forma,
interpretar o processo de extravasamento magmático de um evento ocorrido,
em média, há mais de 130 milhões de anos, torna-se imprescindível para
desvendar forma precisa à reconstrução deste edifício.
Há avanços significativos nas pesquisas que envolvem a Formação
Serra Geral da Bacia do Paraná, sendo atualmente possível, afirmar que a
ideia de que estes derrames ocorreram somente na forma de sills é
ultrapassada. Ocorreram processos mais complexos que respondem a
diversidade estrutural e geoquímica desses derrames. O reconhecimento de
lavas cordadas no Paraná por Maack (1947) e trabalhos detalhados como de
Waichel (2005; 2006) indicam que as lavas básicas extravasaram por meio de
pequenas erupções. Através de fluxos inflados em processos vulcânicos
bastante semelhantes ao hawaiano, conforme descrito por Waichel (2006).
Em um breve histórico sobre essa cavidade, pode-se explicar que a
“Casa de Pedra”, conhecida na região há pelo menos 60 anos, foi descoberta
pelo Sr. Basílio Burei quando este estava em caçada a uma vara de porcos
selvagens na região do vale do rio Cantú. Apesar de a cavidade ter sido
descoberta há tantos anos, ela somente era utilizada como abrigo para animais
selvagens e, por vezes, para abrigar caprinos e bovinos das propriedades
adjacentes.
Foi então que o secretário de Meio Ambiente e Turismo de Palmital,
Miguel Burei Sobrinho, começou a publicar em um blog fotos da “Casa de
Pedra”, classificando-a como a “primeira caverna de topo” reconhecida no
Paraná, assim descrita por estar localizada no topo de um morro em altitude
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superior a 750 metros. A intenção do secretário era a de divulgá-la para
evidenciar o essa feição como mais um atrativo turístico do município de
Palmital.
No dia 20 de fevereiro de 2012, uma equipe formada por um estudante
de graduação de Geografia e dois doutorandos também de Geografia,
reconheceram a cavidade em rocha basáltica, nominada de caverna “Casa de
Pedra”, como sendo realmente um tubo lávico bem preservado. Esse primeiro
contato por cientistas levantou uma série de questões sobre o achado, sendo
que a primeira e mais importante delas é sobre a gênese da cavidade, que
implica em uma série de pesquisas mais aprofundadas sobre o magmatismo da
Bacia do Paraná. Sendo explicada a primeira questão, várias outras poderiam
vir a surgir, como por exemplo, o motivo da preservação desse local, suas
formas e dimensões, sua importância científica, sua relevância para a região
etc.
Após o reconhecimento e os primeiros trabalhos feitos no local, foi
noticiada na imprensa (rádio, jornal e TV) a descoberta, que teve grande
repercussão no meio científico. Devido à complexidade do assunto e a raridade
da descoberta, o presente parecer busca demonstrar que a “Casa de Pedra” é
de fato um tubo lávico preservado, o primeiro identificado com dimensões
suficientes para abrigar animais e seres humanos.
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1. LOCALIZAÇÃO DA CAVERNA CASA DE PEDRA

A região de Palmital (figura 1), centro-oeste do estado do Paraná,
apresenta-se, geologicamente, como pertencente ao Terceiro Planalto
Paranaense recoberta por derrames lobados, assim descritos por Arioli et al.
(2008) como sendo derrames de fluxo inflado, responsáveis pelo
extravasamento de lavas fluidas de caráter ondulado, contorcido, as feições de
lavas pahoehoe, originadas a partir de um magma bastante fluído.
Figura 1 – Localização do município de Palmital, Paraná.
Essa região é estruturalmente controlada por falhas, que segundo Tratz
(2009) se encontram entre o alinhamento do Rio Uruguai e o alinhamento do
Piquiri com predominância de basaltos toleíticos (rochas básicas).
Geomorfologicamente a região possui relevo constituído de morros e morretes
com declividade acentuada e vales encaixados em falhas. A cobertura
superficial da região é constituída de latossolos, onde a declividade não é
superior a 15%, e de neossolos onde as declividades são superiores a essa
porcentagem.
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A caverna Casa de Pedra está localizada a 752m de altitude, no vale do
Rio Cantú, na direção Noroeste/Sudeste, distante em linha reta 11,5km,
aproximadamente, do centro do município, sendo que por terra, a cavidade
está a 22km do centro e a 19km da vila Burei, sendo acessada somente por
estrada rural. Na imagem (figura 2) é possível ver a localização da caverna
próxima ao Rio Cantú.
Figura 2 – Localização da caverna Casa de Pedra.
Fonte: Google Earth, 2006.

4. CONCLUSÃO

Segundo as características que a cavidade apresenta, exclui-se a
possibilidade dela ser uma mina de exploração mineral, tanto pela ausência de
minerais economicamente exploráveis, quanto pela ausência de rejeito.
Classifica-se a cavidade como caverna por ser de origem natural e ter
condições de abrigar a pessoas e animais, e caracteriza-se essa caverna como
de origem vulcânica, mais especificamente, como um tubo de lavas
preservado.
As características mais contundentes para essa classificação estão
baseadas nas características físicas da rocha (rocha extrusiva básica),
estruturas internas (digitações longilíneas, prateleiras e camadas de rochas
sobrepostas) e, sobretudo pela forma e localização da caverna na encosta.
As feições que podem ser destacadas como as mais importantes para
a caracterização da caverna como tubo lávico, são sem dúvida, as digitações
encontradas na parte posterior do tubo, onde suas dimensões e estruturas
internas excluem a possibilidade de terem sido feita por mão humana ou por
máquinas.
Essa caverna apresenta-se na atualidade como uma das maiores
contribuições para o entendimento de como foi à dinâmica do magmatismo na
bacia do Paraná, bem como um patrimônio natural que deve ser preservado.

Marcos Henrique Wolff
Geólogo
CREA 21553-D-PR


COM INFORMAÇÕES DE MIGUEL BUREI / SEMAP

TODO O ATO AINDA SERÁ OFICIALIZADO A NÍVEL DE GOVERNO ESTADUAL

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