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O calvário de Rossoni, com direito a choro e ranger de dentes

Nunca antes na história da Assembleia Legis­­­lativa tantos deputados ao mesmo tempo são encontrados no plenário. Nunca antes deputados faltosos tiveram descontos no salário. Nunca antes na história, mesmo com 400 funcionários a menos, a Assembleia pode funcionar me­­­lhor do que no passado – longínquo e recente. Nunca antes as despesas e os atos oficiais foram publicados on-line e os diários deixaram de ser secretos. Nunca antes 23 aposentados irregulares estiveram a ponto de perder salários de quase R$ 30 mil. Nunca antes, em três meses de exercício financeiro, deixaram de ser gastos R$ 21 milhões...

Estas “proezas” começaram a acontecer a partir de 1.º de fevereiro deste ano, quando assumiu a nova direção da Casa, encabeçada pelo deputado Valdir Rossoni. Mas nunca antes, também, um presidente da As­­­sembleia teve de recorrer a um trio de seguranças pessoais e a contar com mais alguns para cuidar da família – incluindo o neto de 5 anos que só pode ir ao parquinho se, ao seu lado, estiver um brutamontes à espreita de aproximações suspeitas.

O deputado encontra razões de sobra para se proteger dessa forma: com inusitada frequência, ouve ameaças anônimas no celular; os telefones de sua casa, atendidos normalmente pela mulher, são da mesma forma alvos preferenciais de pessoas interessadas em disseminar o terror na família de Rossoni. “Contrariei muitos interesses, acabei com muita roubalheira, demiti muita gente... eu não podia esperar outra coisa”, diz um Rossoni entre conformado e, ao mesmo tempo, com dificuldades para conter lágrimas indefiníveis – se de raiva do enxame de desafetos que conquistou ou de emoção por ver que fatos dessa natureza só estão acontecendo porque, apesar de tudo, está conseguindo cumprir a tarefa de restaurar um mínimo da dignidade que a Assembleia havia perdido há tempos.

É santo?

O colunista pediu a entrevista com o deputado Valdir Rossoni. Ela aconteceu em lugar público, um lotado restaurante tradicional da cidade na quarta-feira à noite. Para quem está acostumado ao contato com personalidades dos mundos da política e da administração pública, lágrimas, vozes trêmulas e alteradas já não chegam a impressionar. O interesse é outro: é aproveitar o momento vulnerável da emoção do entrevistado para tirar-lhe revelações de interesse público e jornalístico.

Por exemplo: Rossoni é já um santo a ponto da canonização e a merecer busto de bronze no saguão de mármore do Palácio 19 de Dezembro? Essa é uma pergunta que o deputado, hoje acusado – também ele! – de ter escondido fantasmas em seu gabinete e nomeado e protegido diretores envolvidos com a velhas práticas da Assembleia, não pode deixar de enfrentar. A menos que, como faz o senador Requião, não resista a ímpetos de xingar o jornalista, torcer-lhe um dedo ou roubar-lhe o gravador.

Rossoni não fez nada disso, mas se mostrou incomodado em ter de se explicar. E se explicou. Explicação que a coluna resume, mas sobre a qual não emite opinião. Citando o caso da mãe de seu diretor (imediatamente demitido) administrativo, Altair Daru, que se declarou na Receita Federal ter sido feita, à sua revelia, fantasma da Assembleia, Rossoni disse que de nada sabia. Quando surgiu a denúncia, mandou investigar e ninguém achou nenhum ato (nem de nomeação, nem de exoneração) que vinculasse o nome da fantasma ao quadro do Legislativo. Decidiu, então, entregar o caso ao Ministério Público.

Sabe, contudo, que seu ex-diretor, o filho da mãe fantasma, sabia. Se sabia, não lhe contou. E, sobretudo por esse motivo, é que foi sumariamente demitido.

“Fogo amigo”

Outros casos do gênero estão surgindo. Há um que envolve a irmã de outro diretor. A esse, quando convidado para assumir o cargo, lhe foi perguntado se seria responsável por qualquer ato fantasmagórico ou nepotístico dentro da Casa. Recebeu desse diretor a afirmação que sim – de fato, teve, no passado, uma irmã que trabalhou na Assembleia, que esteve afastada por uns tempos (recebendo salários), mas que já havia pedido demissão há anos. A resposta, que considerou honesta, convenceu Rossoni a manter a escolha do diretor e a manter também sua vontade de prestigiá-lo caso surgissem denúncias.

As outras perguntas: “O sr. desconfia de pessoas que estão levantando esses casos contra o sr.? O sr. identifica alguém e pode dar os nomes?” Rossoni se recusou a citar nomes, mas diz que já identificou com precisão os autores e sabe dos motivos que as movem a fazer a campanha contra ele. “São deputados?” Foi taxativo: “São deputados; poucos mas são. E também ex-diretores que conhecem muito bem as entranhas da Assembleia. Eu não tenho tempo de tratar do caso deles enquanto não fizer o muito de mais importante que ainda falta.”

Ao leitor: acredite se quiser.

Celso Nascimento / Gazeta do Povo

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