“O pior de morar na rua é a perseguição de todo o lado. Minha missão é mostrar que vivemos numa sociedade cruel. Precisamos reverter isso, voltar a acreditar no homem.” Zezé de Camargo (PRTB), catador de latinhas, sem-teto e candidato a deputado estadual
Os excluídos, desempregados e moradores de rua têm um representante nas eleições deste ano. Quem garante é o candidato a deputado estadual José de Camargo, o Zezé de Camargo (PRTB), de 63 anos, há 11 vivendo como sem-teto em Curitiba.
“O pior de morar na rua é a perseguição de todo o lado. Minha missão é mostrar que vivemos numa sociedade cruel. Precisamos reverter isso, voltar a acreditar no homem”, filosofa o candidato, enquanto prepara o jantar para colegas de rua, num dos 18 “mocós” que diz frequentar pela cidade.
Zezé de Camargo – homônimo do famoso cantor sertanejo – passa os dias catando latinhas para vendê-las a empresas de reciclagem. Usa em seu trabalho uma caminhonete Chevrolet 78 bastante deteriorada, que hoje lhe serve também de comitê eleitoral. Seu patrimônio também inclui uma moto e quatro celulares. Tudo comprado com dinheiro da reciclagem. “O lixo esconde fortunas”, explica o candidato.
Camargo é articulado (chegou a iniciar o ensino médio) e fala de diversos assuntos até chegar ao seu favorito: a própria biografia – obra já escrita e à espera de um editor. O título: “Catando latinhas, por Deus, pela pátria e pelos moradores de rua”.
O candidato conta que foi viver na rua em Marilândia do Sul, sua cidade natal, no Norte do Paraná. Tinha sete anos e os pais haviam se separado. E lá ficou por mais sete anos. “Conheci a fome, o frio e a cachaça”, lembra ele.
Reconciliou-se com a mãe, saiu das ruas e começou a vida de “faz tudo” – de frentista a operador de rádio. Melhorou de vida. Diz que já chegou a ser dono de duas salas de cinema. “Mas a popularização da tevê matou o negócio”, lamenta.
Trabalhou ainda em grandes empresas até montar uma próspera factoring (companhia de empréstimos de dinheiro). Até que, diz ele, uma mulher o fez perder tudo. “A ministra [da Economia] Zélia [Cardoso de Mello] e seu plano econômico me levaram 500 mil dólares. Enlouqueci”, relembra ele, ao citar o Plano Collor, lançado em 1990. Em depressão, abandonado pela família e falido, Camargo fez a opção de voltar para a rua em 1999.
Hoje, diz ter feito a escolha certa. Livre da depressão e do alcoolismo, usou a experiência de sem-teto para montar uma associação de proteção aos moradores de rua e recicladores. “A boa reciclagem poderia ser o caminho para milhares de pessoas que vivem à margem. Infelizmente ela é dominada por uma máfia.”
Terno de brechó
Acostumado com a liberdade na rua, Camargo garante que não vai ferir o decoro parlamentar caso seja eleito. “Vou comprar terno num brechó. Mas terei um guarda-roupa no gabinete. Depois da sessão, tiro a gravata e vou pra rua catar latinha. É a minha vida e eu não vou largar por um título de deputado”, promete.
A vaga na Assembleia, assegura ele, será só o primeiro passo rumo ao grande projeto: disputar a Presidência da República em 2014.” Se o Lula chegou lá, por que não posso?”
Os excluídos, desempregados e moradores de rua têm um representante nas eleições deste ano. Quem garante é o candidato a deputado estadual José de Camargo, o Zezé de Camargo (PRTB), de 63 anos, há 11 vivendo como sem-teto em Curitiba.
“O pior de morar na rua é a perseguição de todo o lado. Minha missão é mostrar que vivemos numa sociedade cruel. Precisamos reverter isso, voltar a acreditar no homem”, filosofa o candidato, enquanto prepara o jantar para colegas de rua, num dos 18 “mocós” que diz frequentar pela cidade.
Zezé de Camargo – homônimo do famoso cantor sertanejo – passa os dias catando latinhas para vendê-las a empresas de reciclagem. Usa em seu trabalho uma caminhonete Chevrolet 78 bastante deteriorada, que hoje lhe serve também de comitê eleitoral. Seu patrimônio também inclui uma moto e quatro celulares. Tudo comprado com dinheiro da reciclagem. “O lixo esconde fortunas”, explica o candidato.
Camargo é articulado (chegou a iniciar o ensino médio) e fala de diversos assuntos até chegar ao seu favorito: a própria biografia – obra já escrita e à espera de um editor. O título: “Catando latinhas, por Deus, pela pátria e pelos moradores de rua”.
O candidato conta que foi viver na rua em Marilândia do Sul, sua cidade natal, no Norte do Paraná. Tinha sete anos e os pais haviam se separado. E lá ficou por mais sete anos. “Conheci a fome, o frio e a cachaça”, lembra ele.
Reconciliou-se com a mãe, saiu das ruas e começou a vida de “faz tudo” – de frentista a operador de rádio. Melhorou de vida. Diz que já chegou a ser dono de duas salas de cinema. “Mas a popularização da tevê matou o negócio”, lamenta.
Trabalhou ainda em grandes empresas até montar uma próspera factoring (companhia de empréstimos de dinheiro). Até que, diz ele, uma mulher o fez perder tudo. “A ministra [da Economia] Zélia [Cardoso de Mello] e seu plano econômico me levaram 500 mil dólares. Enlouqueci”, relembra ele, ao citar o Plano Collor, lançado em 1990. Em depressão, abandonado pela família e falido, Camargo fez a opção de voltar para a rua em 1999.
Hoje, diz ter feito a escolha certa. Livre da depressão e do alcoolismo, usou a experiência de sem-teto para montar uma associação de proteção aos moradores de rua e recicladores. “A boa reciclagem poderia ser o caminho para milhares de pessoas que vivem à margem. Infelizmente ela é dominada por uma máfia.”
Terno de brechó
Acostumado com a liberdade na rua, Camargo garante que não vai ferir o decoro parlamentar caso seja eleito. “Vou comprar terno num brechó. Mas terei um guarda-roupa no gabinete. Depois da sessão, tiro a gravata e vou pra rua catar latinha. É a minha vida e eu não vou largar por um título de deputado”, promete.
A vaga na Assembleia, assegura ele, será só o primeiro passo rumo ao grande projeto: disputar a Presidência da República em 2014.” Se o Lula chegou lá, por que não posso?”
Comentários